Neste grupo estão as drogas de abuso relacionadas à produção de quadros de alucinação ou ilusão, geralmente de natureza visual. Este grupo de SPAs não se caracteriza por acelerar ou lentificar o sistema nervoso central, já que a mudança provocada é qualitativa, por alterar a percepção e a noção de espaço e tempo.
Os alucinógenos podem ser de origem vegetal: mescalina (do cacto mexicano), THC (da maconha), Psilocibina (de certos cogumelos); e de origem sintética: O LSD-25; êxtase ou ecstasy e anticolinérgicos (Artane®, Bentyl®).
Êxtase ou ecstasy (metilenodióximetanfetamina- MDMA)
Considerada uma droga mista por ser composta por anfetamina, com efeitos euforizantes, e pelo MDMA, um perturbador, vem sendo muito utilizada por jovens nas baladas (CEBRID, 2013). O ecstasy tem um potencial aditivo, mas a dependência física não é comum. A tolerância aos efeitos (necessidade de doses maiores para se obter a mesma sensação) pode se desenvolver rapidamente após o uso continuado da substância.
Após a sua utilização, o ecstasy provoca agudamente uma sensação de euforia, aproximação com os outros, aumento da capacidade perceptiva sensorial, principalmente visão e tato, uma sensação de extremo bem-estar, redução do medo, aumento das emoções, diminuição da agressão e melhora das capacidades comunicativas.
Um dos maiores riscos da intoxicação pelo ecstasy é o aparecimento da hipertermia (temperatura elevada do corpo) e da síndrome hiperpiréxica (temperatura corporal maior do que 42ºC). Quando se combinam aumento da temperatura corporal com atividade física (dança) e um ambiente quente, a situação pode se tornar grave. O aumento da temperatura corporal, bem como o aumento na pressão arterial e na frequência cardíaca, podem levar a lesões no fígado e rins, acidente vascular encefálico (derrame) e convulsões.
Alguns indivíduos bebem muita água para evitar desidratação, o que pode resultar em níveis perigosamente baixos de sódio no sangue, levando à confusão mental, convulsões e delirium, podendo progredir rapidamente para coma e morte (KARLSEN et al., 2008).
Ácido Lisérgico (LSD)
Sintetizado pela primeira vez em 1938, o seu uso disseminou-se na década de 1960. Ao final dessa década, foi considerado droga de abuso e banido por diversos países. Os efeitos do LSD ou de outros perturbadores são imprevisíveis e dependem tanto da quantidade utilizada, quando das características prévias da pessoa que consumiu a droga. Normalmente, dentro de trinta a noventa minutos podem ser experimentadas alterações físicas e emocionais (FANTEGROSSI et al., 2008). Flash-backs ou transtorno de alucinação persistente é comum em pessoas que usam LSD de maneira recorrente. Essa experiência pode consistir em alucinações, porém, mais comumente, ela é caracterizada por visões mais intensas de cores, halos ao redor de objetos ou falsos movimentos na borda do campo de visão. Algumas vezes, o transtorno persiste por anos após o uso da droga (FANTEGROSSI et al., 2008). Outro risco do uso de perturbadores do SNC é o desencadeamento de psicoses e alterações do humor, com delírios, alucinações, mania e depressão. O que é mais frequente em pessoas com predisposição a desencadear esse tipo de sintoma (FANTEGROSSI et al., 2008).
A ingestão frequente de doses moderadas de LSD gera tolerância à droga no organismo. Por outro lado, os perturbadores do SNC têm potencial baixo para causar dependência. Não há evidência da ocorrência de sintomas de abstinência do LSD após a cessação do uso crônico da substância (FANTEGROSSI et al., 2008).
Dimetiltriptamina (DMT)
É um forte alucinógeno com uma pequena duração efetiva: apenas uma hora, presente na Ayahuasca ou chá do Santo Daime. O efeito sensorial provocado pela Ayahuasca causa uma percepção de aumento da realidade (mirações), provocando a impressão de entrar em contato com entidades divinas. No contexto religioso, tais fenômenos são atribuídos à clarividência (PASSIE et al., 2008).
Assim como o LSD, o uso da Ayahuasca tem um potencial baixo para causar dependência.
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