Voltando ao assunto em foco, para o cumprimento das atribuições e das orientações elencadas na Portaria MS n. 2.488/2011 (BRASIL, 2011), o Ministério da Saúde indica a composição multiprofissional da equipe, o que constitui uma das diretrizes mais importantes da Estratégia Saúde da Família e seu trabalho com o NASF. O trabalho da Atenção Básica, nessa concepção, deve superar a prática tradicional de simplesmente compartilhar o espaço físico.
Dessa forma, é necessário que haja uma interdisciplinaridade na construção da equipe de saúde para que ela seja uma verdadeira unidade produtora de serviços, com uma atuação multiprofissional e multifuncional. As responsabilidades específicas de cada profissional devem estar voltadas para os objetivos comuns da equipe, e sua prática deve ser motivada pela eficácia, pela efetividade e pela eficiência do trabalho.
Eficácia, efetividade e eficiência são importantes conceitos da área de gestão, planejamento e avaliação. Veja:
Tal posicionamento requer dos profissionais – e também da população envolvida – habilidades para além das práticas tradicionais, uma vez que a amplitude e a complexidade dos problemas são pertinentes a cada local.
A resolução desses problemas extrapola os limites da intervenção clínica e impõe, além das atividades de assistência, ações de promoção, prevenção e manutenção de saúde compatíveis com o nível de complexidade de cada problema.
Portanto, os profissionais da Equipe de Saúde da Família devem apresentar os seguintes critérios:
- competência técnica;
- criatividade;
- senso crítico;
- práticas de atendimento humanizadas e resolutivas; e
- capacitação para atuar no planejamento e na avaliação das ações e na articulação intersetorial.
Dando continuidade à reflexão sobre o tema Equipe de Saúde da Família, você já parou para pensar sobre a importância de sua atuação para o trabalho dos demais integrantes de sua equipe? De que forma você poderá ampliar o potencial do grupo? Que saberes poderiam ser compartilhados?
É fundamental destacar que os espaços de troca e compartilhamento de saberes e conhecimentos entre os diferentes profissionais podem gerar novas formas de entender e praticar saúde. Ao mesmo tempo, a atuação interdisciplinar passa tanto pelo reconhecimento dos saberes oriundos dos diferentes profissionais quanto pela superação dos limites da atuação profissional na abordagem integral em saúde. Em especial, as equipes do NASF dispõem de saberes e recursos técnico-assistenciais que complementam e aperfeiçoam o trabalho em Equipe de Saúde da Família. Mas, para que essa atuação se concretize, há a necessidade de se construir um projeto comum no qual, a partir dos trabalhos especializados de cada profissional, as ações se complementem e a equipe possa interagir com os seus pares e com os usuários.
Lacerda e Moretti-Pires