Processo de Trabalho na Atenção Básica

A horizontalidade no processo de trabalho

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Educação Permanente como meio de mudança

O diferencial da EPS reside na possibilidade de os processos de capacitação dos trabalhadores da saúde tomarem como referência as necessidades de saúde das populações atendidas. A condução conjunta desse processo com os profissionais do NASF permite que os profissionais da ESF não se restrinjam ao cuidado profissional tradicional, mas consigam incorporar às discussões e às aprendizagens a gestação setorial dos serviços e o controle social em saúde. Seu objetivo é a transformação das práticas profissionais e dos processos de trabalho com base na problematização do trabalho vivo, e não apenas na atualização técnico-científica (BRASIL, 2011).

A EPS, vista desse modo, pressupõe que as demandas de capacitação sejam identificadas de acordo com as necessidades de cada serviço, garantindo a aplicabilidade e a relevância do aprendizado nos espaços de intervenção de cada equipe. Essa lógica propõe que a EPS se desenvolva em um marco processual descentralizado, ascendente e transdisciplinar que propicie a democratização institucional e o desenvolvimento das capacidades de aprendizagem de cada profissional envolvido. Dessa forma, o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento crítico e criativo das situações de saúde do território é potencializado, promovendo a melhoria da qualidade do cuidado à saúde através do trabalho em equipes matriciais.

Assim, pode-se afirmar que o objetivo da EPS é construir práticas profissionais, técnicas críticas, éticas e humanísticas capazes de transformar o trabalho em saúde, envolvendo mudanças nas relações interpessoais (entre os profissionais das equipes, os profissionais e os usuários dos serviços, os profissionais e os gestores etc.), nos processos de trabalho desenvolvidos no cotidiano, nos modos de produção dos atos de saúde e, principalmente, nas pessoas envolvidas nesse processo educativo.

É importante destacar a multiplicidade de interesses e pontos de vista envolvidos nas práticas profissionais cotidianas em saúde e educação nos diversos territórios regionais, o que reforça a necessidade contínua de negociação e pactuação política, de maneira constante, na definição de ações de Educação Permanente em Saúde (BRASIL, 2004).

Essa complexidade na prestação de serviços de saúde necessita fundamentalmente de comprometimento da gestão com a rotina das equipes e com as necessidades de modificação da organização dos serviços, subsidiando o trabalho não apenas com os insumos necessários, mas também com os espaços de reuniões para a EPS.

Na Prática:

Discuta com a sua equipe se é possível sua participação nos diálogos necessários para a construção das propostas de formação na sua área de atuação no último ano. Inclua no debate estratégias de potencialização de suas contribuições para a EPS.

Saiba Mais:

RIBEIRO, Edilza Maria;PIRES, Denise Pires; BLANK, Vera Lúcia G. A teorização sobre processo de trabalho em saúde como instrumental para análise do trabalho no Programa Saúde da Família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 438-446, mar./abr., 2004. Clique aqui para acessar.

Lacerda e Moretti-Pires

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