Esse movimento de mudança para a humanização, visando entender o usuário como um ser humano complexo para além do seu problema de saúde e constituir a equipe como sujeitos além de técnicos da saúde, pressupõe a existência da chamada cogestão. Desse modo, ele induz à inclusão de todos os sujeitos envolvidos nos processos de gestão de saúde, tanto na análise do contexto e dos problemas como no processo de tomada de decisão. Sendo assim, todos são gestores dos processos de trabalho, inclusive o usuário, que é quem recebe as intervenções.
Com base na PNH, você deve se conscientizar de que, para que a humanização se efetive, é preciso que alguns parâmetros estejam presentes no cotidiano da Saúde da Família. São eles:
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- o acolhimento deve ser organizado para promover a ampliação efetiva do acesso à atenção básica e aos demais níveis do sistema, eliminando as filas, organizando o atendimento com base em riscos e vulnerabilidade priorizados e buscando adequação da capacidade resolutiva;
- a definição inequívoca de responsabilidades sanitárias da equipe de referência com a população referida, favorecendo a produção de vínculo orientado por projetos terapêuticos de saúde, individuais e coletivos, para usuários e comunidade, contemplando ações de diferentes eixos, levando em conta as necessidades de saúde;
- o avanço na perspectiva do exercício da clínica ampliada, capaz de aumentar a autonomia dos sujeitos, das famílias e da comunidade;
- o estabelecimento de redes de saúde, incluindo todos os atores e equipamentos sociais de base territorial (e outros), firmando laços comunitários e construindo políticas e intervenções intersetoriais;
- a organização do trabalho, com base em equipes multiprofissionais e atuação transdisciplinar, incorporando metodologias de planejamento e gestão participativa, colegiada, e avançando na gestão compartilhada dos cuidados e da atenção;
- a implementação de sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores, com garantia de análise e encaminhamentos a partir dos problemas apresentados;
- a garantia de participação dos trabalhadores em atividades de Educação Permanente em Saúde;
- a promoção de atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores da saúde, contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e a qualidade de vida no trabalho; e
- a organização do trabalho com base em metas discutidas coletivamente e com definição de eixos avaliativos, avançando na implementação de contratos internos de gestão.
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Para tanto, a equipe precisará organizar-se com uma agenda de trabalho e dar conta da demanda espontânea.
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Lacerda e Moretti-Pires