O planejamento é um instrumento gerencial, inerente ao funcionamento do sistema de saúde, que permite identificar os problemas de saúde da população, selecionar aqueles de maior prioridade, estabelecer objetivos que visem modificar a situação encontrada, determinar as ações a serem desenvolvidas para o alcance dos objetivos preestabelecidos e avaliar os resultados obtidos pela aplicação das ações adotadas.
Na enfermagem o instrumento de planejamento mais utilizado é o Planejamento Estratégico Situacional (PES), voltado para resolução de problemas, aquilo que o profissional (ator) detecta na realidade e confronta com um padrão que considera inadequado ou intolerável que o estimula a enfrentá-lo, visando a promoção de mudanças (MATUS, 1996*).
É um instrumento que trabalha com o processamento de problemas atuais, potenciais e macroproblemas, explica como eles nasceram e se desenvolveram, faz planos para resolver as suas causas, analisa a viabilidade política do plano e ataca o problema na prática, o que representa ter uma visão real sem generalizá-lo na descrição e nas propostas de solução (CIAMPONE, MELLEIRO, 2010*).
O Planejamento Estratégico Situacional considera a existência de vários atores, admite o conflito como algo inerente às relações sociais e advoga que o poder, a tomada de decisão e o próprio planejamento, devem ser compartilhados. Rejeita a teoria do comportamento social como aquela capaz de fundamentar as questões relativas ao planejamento e coloca em seu lugar a teoria da ação estratégica, a qual é fundamentada em juízo estratégico e amparada em cálculos interativos (MATUS, 1996*), que não se resumem apenas à consideração dos comportamentos sociais.
Nesse sentido, o PES colabora na construção da competência gerencial do enfermeiro por constituir-se em um planejamento integrado e participativo, que contribui para a organização dos serviços de saúde e para o enfrentamento de conflitos e problemas institucionais. É uma ferramenta potente para transformar a realidade, visto que proporciona um aumento na capacidade direção, gerência e controle do sistema social. Por ser um método de processar problemas, tem grande aplicabilidade na gestão em saúde, uma vez que o trabalho, nessa área, trata de problemas complexos e não estruturados (LALUNA et al, 2003*).
Cabe ao enfermeiro que atua na atenção às urgências realizar, entre outras atividades, o planejamento e coordenar a equipe, no sentido de se apropriar das tecnologias disponíveis, potencializar o seu tempo disponível e garantir um cuidado integral aos pacientes. Desse modo, a administração do processo de trabalho, associado ao conhecimento científico e ao compromisso profissional do enfermeiro, configura-se como ferramenta essencial para melhorar o cuidado prestado, contribuindo para superação do modelo biologicista e centrado em procedimento que rege o processo de trabalho em emergência (DAROLT, 2007*).
* DAROLT, C.F.. Concepções dos enfermeiros sobre integralidade em saúde no processo de trabalho em uma unidade de emergência. 2007. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Universidade do Vale do Itajaí. Itajaí, 2007.
* CIAMPONE, M.H.T.; MELLEIRO, M.M.. O Planejamento e o processo decisório como instrumentos do processo de trabalho gerencial. In: KURCGANT, P. (Coord.). Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 2010. p. 35-50.
* LALUNA, M.C.M.C.; FERRAZ, C.A. Compreensão das bases teóricas do planejamento participativo no currículo integrado de um curso de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.11, n.6, p.771-777,2003.
* MATUS,C. Política, planejamento e governo. Brasília: Ipea,1996.
O PES é composto de quarto momentos: explicativo, normativo, estratégico, tático-operacional. No caso descrito a seguir, apresentamos um exercício para refletir sobre o planejamento. Acompanhe na animação:
E para fechar esse assunto vamos falar dos Indicadores de Avaliação que complementam o PES.
Os Indicadores de Avaliação são as medidas que quantificam e qualificam o impacto do plano sobre o atendimento ao usuário e a melhoria da organização hospitalar.
É o momento de propor indicadores que permitam monitorar e avaliar a ação realizada. Por exemplo, tempo entre comunicação de alta e a efetiva saída do paciente do hospital.
Esperamos que esse material tenha respondido a questão do por que é relevante enfocar a prática gerencial do enfermeiro nos serviços de atenção as urgências.
Bons estudos.