Módulo 5: Classificação de Risco e Acolhimento
Unidade 4: Instrumentos gerenciais em serviços de saúde

Prática Gerencial e Planejamento
Previsão e Provisão de Recursos Materiais
Educação continuada/permanente
Tomada de decisão e sistemas de informação
Avaliação dos Serviços de Saúde

Previsão e Provisão de Recursos Materiais

O enfermeiro, por assumir o gerenciamento das unidades de atendimento e coordenar toda a atividade assistencial, tem papel preponderante no que diz respeito à determinação do material necessário à consecução da assistência, tanto nos aspectos quantitativos como nos qualitativos, na definição das especificações técnicas, na participação no processo de compra, na previsão e provisão, na organização, no controle e avaliação desses materiais (CASTILHO; GONÇALVES, 2010*).

Os materiais, geralmente relacionam-se com suprimentos, este último designa todas as atividades que visam o abastecimento de materiais para a produção envolvendo programação de materiais, compra, recepção, armazenamento no almoxarifado, movimentação de materiais e o transporte interno para abastecer as unidades produtivas. A produção é a atividade principal ou final, enquanto o suprimento é atividade-meio ou apenas subsidiária a produção (CHIAVENATO, 2011*).

* CASTILHO, V.; GONÇALVES, V. L. M. Gerenciamento de recursos materiais. In: KURCGANT, P. (Coord.). Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 2010. p. 155-167.

* CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 8.ed.Rio de Janeiro, Elsevier, 2011.

Para gerenciar materiais e equipamentos é importante determinar qual a razão do serviço, onde estamos atuando, qual demanda deve ser atendida, quais resultados são esperados, quais especialidades atuam naquele serviço, quais procedimentos, terapias, técnicas, manobras, intervenções e exames são ali realizados.

As funções do enfermeiro no gerenciamento de recursos materiais são: previsão, provisão, organização e controle. Assim, descreveremos cada etapa procurando inter-relacionar com a lógica das unidades de emergência, como você pode acompanhar na animação:

Previsão
É um levantamento das necessidades da unidade, fazendo o diagnóstico situacional, identificando a quantidade e as especificidades, analisando os fatores como: especificidades da unidade (número de leitos, pediatria, geriatria, adulto, com acompanhante), características da clientela (grau de dependência de cuidado, tipo de patologia, etc.), frequência no uso dos materiais, local de guarda (disponibilidade de locais), durabilidade do material (cálice de vidro graduado tem durabilidade infinita, caso não quebre).
Provisão
É a reposição dos materiais necessários para a realização das atividades do setor. Em alguns serviços existe o sistema de reposição interna (do almoxarifado para a unidade produtiva), este processo pode ser realizado por quantidade e tempo ou imediato por quantidade.
Organização
Consiste na maneira como o enfermeiro irá dispor os materiais para o uso. A fim de organizá-los melhor, deve-se procurar centralizá-los para facilitar o uso e o controle. Os aspectos que devem ser considerados são os da planta física e atividades desenvolvidas na unidade. Por exemplo: guardar todos os materiais para o preparo de medicamentos próximos do local onde este procedimento é realizado.
Controle
Cabe ao enfermeiro testar tecnicamente o desempenho e analisar os riscos e benefícios, bem como a qualidade dos materiais e equipamentos para assim atender às necessidades dos usuários e garantir a segurança dos clientes e dos profissionais.

Na previsão, por exemplo, a estimativa do material a ser comprado depende do consumo mensal das unidades, ou seja, da soma das “cotas” de todas as unidades, cujos valores são calculados com base na média aritmética do consumo, podendo ser estimada por uma expressão matemática, proposta por Castilho e Gonçalves (2010*).

* CASTILHO, V.; GONÇALVES, V. L. M. Gerenciamento de recursos materiais. In: KURCGANT, P. (Coord.). Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 2010. p. 155-167.

Já na provisão, a reposição por quantidade e tempo é utilizada por sistema de cotas com reposição semanal, quinzenal ou mensal. Os fatores que determinam esse tipo de reposição é o dimensionamento de pessoal do almoxarifado, o local de guarda de estoque do almoxarifado, a rotatividade do material de estoque, características do local de guarda de materiais nas unidades.

A reposição imediata por quantidade é a mais utilizada atualmente nos serviços de atenção às urgências, por ser mais dinâmica, promove reposição mais rápida e eficaz e estoque real diário, além de evitar desvios.

Quanto à organização, deve-se identificar os locais de guarda de material, pois a comunicação visual é extremamente importante como medida de segurança, afinal o remanejamento dos profissionais de enfermagem entre as unidades é uma prática frequente.

Nos setores de emergência, a disposição do material na sala deve ser organizada para evitar o atropelo de pessoal circulando afoitamente a sua procura. Recomenda-se que estes estejam organizados em bandejas ou kits dispostos próximos a maca ou ainda em carros ou mesinhas móveis.

Outro procedimento que devemos adotar é o sistema do primeiro que entra é o primeiro que sai, ou seja, verificar o prazo de validade do material e dispor aqueles que vencem antes na frente dos outros com validade posterior, para que sejam usados primeiro, evitando assim o desperdício e situações de risco ao profissional e possíveis danos ao cliente.

O suprimento de medicamentos deve ser previsto tomando-se como base a casuística do serviço e mediante consulta a equipe médica. Mantê-los agrupados, com identificação em destaque.

Em relação ao controle, temos o controle quantitativo, no qual é necessária a implantação de um estoque mínimo de materiais e implantação de um sistema de kits para os procedimentos técnicos (entubação orotraqueal, drenagem de tórax, sondagem vesical, acesso central, etc.).

Diariamente, um membro da equipe de enfermagem deverá checar o material de consumo. Para facilitar a checagem, recomenda-se que esse material esteja discriminado e quantificado.

Deverá haver checklist dos itens a serem verificados no ínicio de cada plantão e após cada atendimento como: funcionamento do ventilador mecânico, do monitor/desfibrilador, do aspirador, da rede de oxigênio, do laringoscópio, do ambú e demais equipamentos.

Outro papel do enfermeiro no gerenciamento de recursos materiais e equipamentos tem sido o de escolher o material, tendo como base de estudos, o “custo-benefício”, ou seja, o menor custo para a instituição, o maior benefício para o cliente interno e externo e à saúde ambiental.

Assim, as atribuições do enfermeiro no gerenciamento de materiais são:

Um dos aspectos relevantes no gerenciamento de recursos materiais na atenção às urgência diz respeito à necessidade do planejamento antecipado das unidades. Os materiais e equipamentos devem estar preparados, testados e colocados de forma a estarem imediatamente disponíveis para garantir a rapidez e eficiência do atendimento (AZEVEDO, 2010*).

Como nesses setores os profissionais trabalham mais diretamente com o limiar entre a vida e a morte dos pacientes, destaca-se a realização de atividades voltadas a zelar pela disponibilidade e funcionalidade dos materiais e equipamentos utilizados no atendimento já que nessas ocasiões cada segundo torna-se precioso e nem sempre há tempo disponível para conserto ou busca de novos materiais durante o atendimento (SANTOS, 2010*).

O gerenciamento de recursos materiais é fundamental nas organizações de saúde, refere-se ao seu produto final ou atividade fim, que é a assistência aos usuários por meio de ações que não podem sofrer interrupções. Os avanços tecnológicos têm impulsionado o aumento constante da complexidade assistencial, exigindo um nível de atenção cada vez mais elevado por parte dos profissionais de saúde, criando uma demanda crescente por recursos materiais. Assim, impõem-se a necessidade dos serviços de saúde aprimorarem os sistemas de gerenciamento desses recursos, a fim de garantirem uma assistência contínua de qualidade a um menor custo e, ainda, assegurarem a quantidade e qualidade dos materiais necessários para que os profissionais realizem suas atividades sem riscos para si mesmos e para os pacientes (CASTILHO; GONÇALVES, 2010*).

* AZEVEDO, A. L. C. S.. Gerenciamento do cuidado de enfermagem em unidade de urgência/emergência traumática. 2010. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP). Ribeirão Preto, 2010.

* CASTILHO, V.; GONÇALVES, V. L. M. Gerenciamento de recursos materiais. In: KURCGANT, P. (Coord.). Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 2010. p. 155-167.

* SANTOS, J. L. G. A dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro em um serviço hospitalar de emergência. 2010, 135p.

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