Módulo 5: Classificação de Risco e Acolhimento
Unidade 4: Instrumentos gerenciais em serviços de saúde

Prática Gerencial e Planejamento
Previsão e Provisão de Recursos Materiais
Educação continuada/permanente
Tomada de decisão e sistemas de informação
Avaliação dos Serviços de Saúde

Supervisão

A principal preocupação dos enfermeiros tem sido se a equipe de enfermagem está cumprindo corretamente suas atividades e conseguindo elencar aquelas que são prioritárias diante da grande demanda de trabalho no serviço de emergência. Essa preocupação remete à utilização da supervisão como um instrumento do processo de trabalho gerencial do enfermeiro em emergência. Entendida como responsável por promover a reflexão e a discussão sobre a execução da prática, com base no acompanhamento do cotidiano do trabalho.

No entanto, a supervisão é geralmente lembrada pelos enfermeiros apenas na sua dimensão de controle, que se direciona ora para o trabalhador ora para o processo de trabalho, na verificação do que foi realizado. (HAUSMANN, PEDUZZI, 2009, SANTOS, 2010*).

* HAUSMANN, M.; PEDUZZI, M. Articulação entre as dimensões gerencial e assistencial do processo de trabalho do enfermeiro. Texto e Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 18, n. 2, p. 258-265, 2009.

* SANTOS, J. L. G. A dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro em um serviço hospitalar de emergência. 2010, 135p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

As atividades dos enfermeiros relacionadas à supervisão integram um importante eixo do gerenciamento do cuidado, tendo em vista a grande quantidade de atividades que são desenvolvidas pela equipe de enfermagem sob coordenação dos enfermeiros.

O processo de supervisão passa a ser um importante instrumento para a prática gerencial do enfermeiro possibilitando, quando bem planejada e conduzida, uma assistência de enfermagem livre de danos, riscos e agravos aos usuários, assim como a melhoria dos processos e o desenvolvimento da equipe na qual trabalha. O papel do supervisor deve ser o de um orientador e facilitador, tornando-se co-responsável pela manutenção de um serviço de qualidade (LIBERALI, 2008*).

Para Silva (1991*) a supervisão é um instrumento de organização e controle do trabalho que, além do caráter de ensino, também tem o de controle da articulação política.

Explicitando melhor essas três características da supervisão apresentamos na sequência detalhes de cada uma:

* LIBERALI J, DALL’AGNOL CM. Supervisão de enfermagem: um instrumento de gestão. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 29, n. 2, p. 276-82, jun./ 2008.

* SILVA, E. M.. Supervisão em enfermagem: análise crítica das publicações no Brasil dos anos 30 à década de 80. Ribeirão Preto, 1991. 158p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Caráter Educativo
Refere-se à reflexão crítica sobre a prática do trabalho, a análise do trabalho realizado em vista a elaboração de novas sínteses, feitas com base nas experiências empíricas (práticas) e nos conceitos teóricos.

O ensino é uma das características centrais da supervisão em saúde e na enfermagem dado que o atendimento ao processo de saúde-doença pressupõe uma grande complexidade técnica e relações interpessoais, intergrupais e sociais, cuja vivência constitui-se de maneira dinâmica e frequentemente contraditória, o que demanda apoio constante, tanto em nível pessoal quanto institucional.
Caráter de Controle
Dá-se pela organização do trabalho em bases coletivas que demanda atividades articuladoras que lhe confira unidade e garanta a efetivação de suas finalidades e objetivos.
Caráter de Articulação Política
Evidencia a posição intermediária e intermediadora da supervisão, pois no conceito do trabalho, tanto os aspectos de ensino quanto de controle, condicionam-se por posicionamento ético-políticos.

O profissional de enfermagem, independente do nível em que atua ou cargo que ocupe, desempenha a função de supervisão na sua prática diária, não podendo exercê-la de modo desarticulado de uma análise institucional e social do país e do resto do mundo, haja vista o processo de globalização. Se assim agir, estará atuando de forma limitada na compreensão da problemática da qualidade das intervenções em saúde de um modo geral.

É inegável o caráter político que a supervisão encerra e que a enfermeira deve assumir para intermediar os níveis centrais com os regionais/locais, bem como os aspectos ético-políticos relacionados à função.

Segundo Cunha (1991*) constituem técnicas de supervisão: observação direta; análise de registros; entrevistas; reunião e discussão em grupo; demonstração; orientação; estudo de caso. São instrumentos utilizados no desenvolvimento da supervisão: prontuário do paciente; prescrição de enfermagem; plano de supervisão (constam objetivos e atividades de supervisão), cronograma (constam a relação de atividades e os dias ou períodos em que serão executados), roteiro; manual do Serviço de Enfermagem com normas, procedimentos e rotinas.

* CUNHA, K.C. Supervisão em enfermagem. In: KURCGANT, P. (coord.). Administração em enfermagem. São Paulo, EPU, 1991, cap. 10, p.117-32.

A supervisão pode ser realizada informalmente no dia a dia de trabalho, em situações eventuais. Sendo importante que o funcionário encontre no enfermeiro uma referência para discussão de suas dúvidas ou questões.

Não basta à enfermeira, a competência técnica para a supervisão, é necessário o entendimento das pessoas e dos grupos para melhor coordenação dos recursos humanos. Para integrar as pessoas no exercício do trabalho é importante que o supervisor tenha, simultaneamente, firmeza e sensibilidade (usadas na quantidade e momento certo).

Há também que se considerar o aspecto da reciprocidade presente na atividade de supervisão, pois trata-se de uma relação que depende da capacidade de interação e de mútua influência.

É inegável que a supervisão constitui-se parte integrante do processo de trabalho da enfermagem e, mais especificamente do enfermeiro. Por tratar-se de um trabalho que se realiza em bases coletivas e de forma interdependente, seja entre os diferentes agentes de enfermagem como entre outros profissionais da saúde, requer que o enfermeiro, independentemente do nível onde atua ou cargo que ocupa na organização, desempenhe a função de supervisão na sua prática diária.

O exercício dessa atividade comporta permanente análise do contexto organizacional e suas articulações com as políticas de saúde; o acompanhamento das intervenções e respectivos resultados obtidos, em termos quantitativos e qualitativos; o aprimoramento e qualificação dos agentes do trabalho pelo desenvolvimento de processos de ensino-aprendizagem mais participativos e democráticos; e ainda, uma articulação política que viabilize a intermediação entre as diferentes esferas organizacionais e, entre os próprios trabalhadores, criando espaços possíveis de negociação de interesses, desejos, poderes e valores pautados em aspectos éticos capazes de garantir a qualidade da assistência prestada.

Saiba Mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto consulte os seguintes materiais:

• Finalidade das estratégias de supervisão utilizadas em ensino clínico de enfermagem. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 07072007000400003

• Liberali J, Dall’Agnol CM. Supervisão de enfermagem: um instrumento de gestão. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 29, n. 2, p.276-82, jun. 2008. Disponível em:
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/55 92/3202

• Scarparo AF, Ferraz CA. Auditoria em enfermagem: identificando sua concepção e métodos. Rev Bras Enferm , v. 61, n. 3, 302-5, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n3/a04v61n3.pdf