Módulo 9: Tecnologias do cuidado em saúde
Unidade 2: Educação em saúde individual e em grupo como tecnologia de cuidado

O reconhecimento da educação como tecnologia aplicada na prevenção e controle das condições crônicas
Abordagens na Educação em Saúde
Visita Domiciliar como tecnologia educativa na promoção da saúde de pessoas em condição crônica
Consulta de Enfermagem como tecnologia educativa na promoção da saúde de pessoas em condição crônica
Grupos como tecnologia educativa para a promoção em saúde

Por que um grupo?

Teixeira (2007a) discute essa questão, enfatizando que o atual contexto suscita o viver/conviver em comunidade. As práticas educativas em grupo, como as tecnologias socioeducativas (aqui representando as tecnologias leves), emergem como possibilidades para intensificar tais processos, bem como para fornecer subsídios para educar/cuidar com vistas a autonomia e a emancipação dos indivíduos.

Fique atento. As práticas educativas em grupo precisam ser estimuladas e/ou fortalecidas para a manutenção e/ou promoção da saúde e da qualidade de vida.

Acreditamos na formação de grupos para os mais diversos problemas de saúde, como forma de participação social e expressão dos indivíduos na defesa de seus direitos e na busca de soluções para os seus problemas. A educação em saúde em grupos apoia-se nos pressupostos da promoção da saúde, como uma orientação para o potencial de autoajuda do indivíduo e engajamento social.

Mas, por que um grupo? Convidamos você a refletir a respeito destas questões:

  1. Homem é um ser social e vive em grupos.
  2. O trabalho em grupo permite compartilhar experiências e decisões.
  3. Permite decisões mais acertadas e conclusões mais ricas a partir da troca de experiências e discussões.
  4. Permite a troca de conhecimentos e reflexões.

As vantagens da realização de grupos consistem em facilitar a construção coletiva de conhecimento e a reflexão acerca da realidade vivenciada pelos seus membros, possibilitar a quebra da relação vertical (profissional-paciente) e facilitar a expressão das necessidades, expectativas e angústias (DIAS; SILVEIRA; WITT, 2009). Ao compartilharem suas vivências e experiências, os participantes constroem outras possibilidades para o enfrentamento da sua condição crônica.

Dessa forma, as ações educativas em grupo propiciam a progressiva incorporação de novos conceitos, interação e coesão, maior comunicação entre as pessoas (tanto profissionais como pacientes), e maior significado atribuído às ações, que são valorizadas a partir do compartilhamento das experiências e vivências, sejam profissionais ou pessoais. Neste sentido, vale lembrar Freire (2002, p.25), quando afirma que “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”, numa constante troca de conhecimentos. Em consonância com esta afirmação podemos observar que a maioria das grandes ideias é fruto do trabalho coletivo, de grupos de pessoas, que favorecem a criatividade e as novas concepções, atuando de forma dinâmica para chegar aos resultados. Através da animação vamos detalhar um pouco mais sobre os grupos:

Palavra do Profissional
Você tem realizado grupos com os usuários do seu serviço? Já parou para refletir em como constituir um grupo no contexto dos serviços de saúde?

Tenha em mente que o grupo pode ser composto de duas ou mais pessoas, cuja interação traz novas qualidades que não possuem os integrantes separadamente. Neste sentido, resulta num trabalho mais criativo, com maior qualidade e capacidade para a solução dos problemas. Nos grupos, as pessoas se inter-relacionam e interagem com o meio que as rodeia.

Acompanhe na animação a seguir mais detalhes sobre a formação dos grupos:

No grupo, cada participante tem direito ao exercício da fala, de sua opinião, de seu ponto de vista e de seu silêncio. Cada um possui sua identidade, diferente dos outros, embora possua o mesmo objetivo do grupo (papéis desempenhados pelos participantes), (DIAS; SILVEIRA; WITT, 2009).

O grupo é composto por pessoas movidas por necessidades semelhantes, a partir de uma realidade existente, assumindo uma maneira própria de agir e pensar. Existem vários tipos de grupos, cada um com o seu objetivo e estes objetivos devem ser construídos de forma participativa. Alguns grupos podem: oferecer suporte, realizar tarefas, socializar, melhorar seu autocuidado ou oferecer psicoterapia (DIAS; SILVEIRA; WITT, 2009).

Neste sentido, Zimerman e Osório (1997) propõem a classificação em dois distintos grupos segundo a finalidade para a qual foram criados: grupos operativos e grupos psicoterápicos, que por sua vez subdividem-se em outras ramificações. Neste texto, não nos aprofundaremos nos grupos psicoterápicos que se destinam a formas de psicoterapia e envolvem atuação profissional específica.

O conceito de grupos operativos tem a mais extensa aplicação prática e abrange quatro campos segundo Zimerman e Osório (1997):

  1. Ensino-aprendizagem – neste grupo a essência é o aprender a aprender e que “mais importante do que encher a cabeça de conhecimentos é formar cabeças”;
  2. Institucionais – são desenvolvidos em instituições em geral, como escolas, igrejas, associações de classes, empresas, dentre outros;
  3. Comunitários – visam a participação comunitária e envolve um grupo de pessoas que se reúne na busca de algo comum, que tem a ver com as suas necessidades, seus desejos, para exercerem e viverem melhor sua cidadania e sua qualidade de vida;
  4. Terapêuticos - os grupos operativos terapêuticos visam fundamentalmente a melhoria de alguma situação de patologia dos indivíduos, quer seja no plano da saúde orgânica, quer no psiquismo, ou em ambos.

Avance para a próxima página e aprenda mais sobre o tema!