Módulo 8: Linha de Cuidado Nas Urgências/Emergências Traumatológicas
Unidade 3: A avaliação Inicial (primária) à vítima de trauma

Introdução
Ventilação e Respiração
Contusão Pulmonar
Circulação com controle da Hemorragia
Avaliação Neurológica
Exposição com Controle da Hipotermia

Esquema de avaliação clínica das vítimas

Na avaliação da respiração e ventilação, reunimos dados objetivos da condição de oxigenação e respiração da vítima de trauma. A cavidade torácica contém órgãos cujo funcionamento é vital para a manutenção da vida. Assim, os sinais e sintomas de alterações apresentados devem ser identificados com rapidez por intermédio da inspeção, palpação, percussão e ausculta.

A oxigenação é a necessidade do organismo de obter o oxigênio por meio da ventilação, da difusão do oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue, do transporte do oxigênio para os tecidos periféricos e da remoção do dióxido de carbono; e da regulação da respiração com objetivo de produzir energia e manter a vida (BENEDET; BUB, 2001).

As principais funções do sistema respiratório são:

  • Suprimento de oxigênio para o corpo produzir energia.
  • Remoção de gás carbônico como produto residual das reações de energia.
  • Manutenção da homeostasia do sangue arterial.
  • Manutenção da troca de calor (JARVIS, 2010; PORTO, 2009).

Assim, no atendimento à vítima de trauma, o enfermeiro deverá, na inspeção torácica, avaliar a frequência respiratória (eupneia, dispneia, taquipneia ou apneia). Outro fator a ser inspecionado é a presença de sinais de dificuldade respiratória, como: retração intercostal, retração de fúrcula supraesternal, batimento de asa nasal e tosse. Ainda, agregado a esse fator, deve-se observar o uso do abdômen, tórax ou de ambos, para conseguir uma ventilação eficaz.

No PHTLS (2007), cinco níveis para você estar atento quanto à frequência respiratória são estabelecidos, que são:

  1. Apneia, o paciente não respira.
  2. Lenta, quando a frequência respiratória estiver menor que 12 mov./min. – bradipneia (pode indicar isquemia do cérebro, que é o suprimento deficiente de oxigênio).
  3. Normal, se a frequência respiratória estiver entre 12 e 20 mov./min. (frequência normal para o adulto).
  4. Rápida, se a frequência respiratória estiver entre 20 e 30 mov./min. (taquipneia) determinada pelo acúmulo progressivo de dióxido de carbono (CO2) no sangue ou diminuição do nível de oxigênio sanguíneo (O2).
  5. Muito rápida, uma frequência respiratória acima de 30 mov./min. (taquipneia grave) o que indica hipóxia, metabolismo anaeróbio, ou ambos, resultando em acidose.

Palavra do Profissional
Com as manifestações da frequência respiratória anormal, é importante que você suspeite o que poderia estar alterando o padrão de normalidade. Portanto, você deverá examinar o tórax da vítima rapidamente, fazendo inspeção, palpação, percussão e ausculta.

Nos pacientes vítimas de trauma, você poderá identificar situações que podem comprometer a ventilação e a respiração. Assim, as manifestações de alterações das necessidades de respiração e oxigenação estão em função do evento pulmonar ou não, que causou o problema real ou potencial para a vítima na situação de emergência, como por exemplo: pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço, tórax instável, tamponamento cardíaco e contusão pulmonar (ATLS, 2007), conforme veremos a seguir.

Pneumotórax Hipertensivo.

  • É uma emergência potencialmente fatal.
  • A pressão intratorácica se eleva caso o ar continue a penetrar o espaço pleural, com consequência devastadora: choque e dificuldade para respirar.
  • A pressão crescente no lado acometido do tórax desloca as estruturas do mediastino para o lado oposto, o que impede o retorno venoso ao coração.
  • O deslocamento das estruturas mediastinais para dentro do tórax não afetado comprime o pulmão, aumentando o trabalho necessário para preenchê-lo com ar, e o pulmão atingido pelo trauma sofre colabamento e não participa efetivamente da troca gasosa. O resultado final poderá ser hipóxia e insuficiência respiratória franca
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=6vTpbMP3EIk

Pneumotórax Aberto
  • Envolve a entrada de ar no espaço pleural, causando colabamento pulmonar.
  • Nesse tipo de trauma, um defeito na parede torácica produz uma comunicação entre o ambiente e o espaço pleural.
  • O ar atravessa a ferida e penetra no espaço pleural devido à pressão negativa criada na cavidade torácica à medida que os músculos da respiração se contraem.
  • Resulta na ventilação prejudicada e consequentemente hipóxia.
Fonte: http://professorfredericoaraujo.blogspot.com.br/

Hemotórax
  • Presença de sangue no espaço pleural.
  • O espaço pleural pode acomodar 2.500 a 3.000 ml de sangue, podendo representar uma fonte de perda sanguínea importante.
  • O sangramento pode ter origem na parede da musculatura torácica, nos vasos intercostais, no parênquima pulmonar, nos vasos pulmonares ou nos grandes vasos do tórax.
Fonte: http://blackhellhouse.blogspot.com.br/2012/07/derrame-pleuralempiema.html

Lesões penetrantes no tórax com 2/3 do diâmetro da traqueia deverão receber o curativo de três pontas para minimizar as alterações respiratórias (pneumotórax) produzidas pelo trauma. Realize o curativo valvulado de três pontas.

Tórax Instável.

  • A instabilidade do tórax ocorre quando duas ou mais constelas adjacentes são fraturadas em pelo menos dois lugares.
  • Um segmento da parede torácica passe a não apresentar mais continuidade com o restante do tórax.
  • O tórax afetado se move de forma paradoxal.
  • Quando os músculos respiratórios contraem-se para movimentar as costelas para cima e para fora e abaixar o diafragma e o segmento atingido paradoxalmente se move para dentro da cavidade torácica.
  • O grau de insuficiência respiratória está diretamente relacionado com o tamanho do segmento atingido.

Saiba Mais
Para conhecer mais sobre o Tórax Instável e Pneumotórax Aberto assista aos vídeos indicados a seguir.

Clique aqui e confira: Tórax instavel,respiração paradoxal.
Clique aqui e confira: Torax Instável.avi.

Conheça também o blog do Profº. Frederico Araújo

Acompanhe uma situação de Tamponamento cardíaco:

  • Ocorre quando há acúmulo agudo de líquido entre o saco pericárdico (tecido fibroso inelástico) e o coração.
  • O aumento da pressão pericárcia (à medida que o líquido aumenta) impede o retorno venoso ao coração e leva à diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial.
  • O agravamento dessa situação pode precipitar uma Parada Cardiorrespiratória com Atividade elétrica sem Pulso (AESP), lesão potencialmente fatal.
  • O pericárdio do adulto pode suportar até 300 ml de líquido, mas normalmente bastam 50 ml para impedir o retorno cardíaco.
Tamponamento cardíaco Fonte: http://legal-anatomical.medicalillustration.com/generateexhibit.php?ID=27523

Neste estudo você teve a oportunidade aprofundar seus conhecimentos, de uma forma, já vivenciados em sua vida prática. Lembre-se sempre que a qualidade de seu trabalho faz muita diferença na vida das pessoas.
Vá em frente!