Introdução
O quadro a seguir, apresenta uma classificação sindrômica mais geral que se baseia na correlação de determinados achados psicopatológicos da anamnese e do exame psíquico. As subdivisões dessas síndromes compõem o que se designa como transtornos ou perturbações mentais e comportamentais nas classificações psiquiátricas. E esses já foram listados anteriormente nesta unidade. Muitos desses transtornos costumam modificar-se, com inclusões ou exclusões de critérios diagnósticos ou do próprio transtorno a cada revisão dessas classificações segundo Dalgalarrondo (2008):
Quadro 1.5: Classificação de transtornos

Fonte: Dalgalarrondo (2008).
Síndromes psicóticas, afetivas, Depressão, Transtorno bipolar e Síndromes neuróticas, ansiosas e somatoformes.
Síndromes psicóticas
Nas síndromes psicóticas são comuns as alterações de pensamento - um pensamento desorganizado do juízo crítico - com a presença de delírios e alterações da sensopercepção, sendo frequentes as alucinações. O comportamento pode parecer bizarro (DALGALARRONDO, 2008, p. 201). É nas síndromes psicóticas que se observa um quadro de ruptura mais intensa com a realidade, pois a pessoa em estado psicótico constrói um mundo simbólico paralelo à realidade normativa sociocultural convencionada; logo, ela estaria “fora da realidade”.
No campo da psiquiatria e no estudo dos transtornos mentais, a principal forma de expressão da psicose é a esquizofrenia.
A pessoa que está em estado psicótico pode escutar vozes, ter crenças e medos estranhos, confusão mental, estar apreensiva, sendo comum o rompimento dos laços sociais. A família não consegue explicar essa mudança brusca de comportamento. As recomendações se referem a promover a segurança da pessoa por aqueles que a cuidam. O apoio da família e amigos é vital, e esses devem estar atentos às necessidades humanas básicas, como alimentação, hidratação, e devem zelar para não machucar a pessoa através das várias formas de violência. Também é indicado minimizar estímulos estressantes e buscar compreender o que a pessoa pensa e fala, embora ela possa expressar coisas aparentemente sem sentido (OMS, 1998). Os medicamentos utilizados serão discutidos ao longo de nosso estudo.
Síndromes afetivas
As síndromes afetivas estão associadas a alterações do humor das pessoas e se distribuem, de maneira geral, em depressão e euforia. Dentre os sintomas afetivos, temos: tristeza, melancolia, choro involuntário, apatia, sentimento de tédio, irritação, angústia, ansiedade, desespero e desesperança. Nas síndromes depressivas são frequentes as queixas de perdas significativas de um ente próximo, perda de trabalho, moradia, padrão econômico (DALGALARRONDO, 2008). É comum também as pessoas relatarem sintomas de tristeza e não saber identificar o que motiva essa sensação.
Os cursos dos sintomas ao longo da história do sujeito são especialmente importantes nas síndromes afetivas, pois intercalar sintomas maníacos e depressivos pode sugerir um quadro de transtorno bipolar. Essa alteração e a evolução dos sintomas ao longo do tempo lembra que o diagnóstico em saúde mental é sempre transitório e pode modificar-se conforme as mudanças observadas na pessoa.
Em termos de critérios diagnósticos das síndromes afetivas, distinguem-se a depressão, a mania e o transtorno afetivo bipolar.
Depressão
A pessoa que solicita ou que necessita de intervenção da equipe profissional geralmente apresenta sintomas físicos como fadiga, dor e perda de interesse naquilo que antes tinha sentido de vida. A irritabilidade é uma das principais queixas, e os prazeres cotidianos estão ausentes.
Os aspectos diagnósticos de acordo com OMS (1998, p. 34) são: sono perturbado, alteração do apetite, culpa ou perda da autoconfiança, pensamento ou atos suicidas, libido diminuída, dificuldade de concentração e dificuldades nos movimentos e na fala.
Transtorno bipolar
As pessoas alternam períodos depressivos e/ou de mania ou excitação a períodos de humor normal. Na mania, observam-se: energia e atividade aumentadas; humor elevado ou irritabilidade; fala rápida; perda de inibições; sono diminuído; sentimento de demasiada autoimportância; distração fácil, gastos aumentados, dentre outros sintomas e sinais. Entretanto, nos períodos depressivos, o humor fica deprimido e há perdas de interesse e prazer. Os sintomas de mania podem estar também associados aos de depressão (OMS, 1998).
Dentre as recomendações às pessoas e famílias, constam: dialogar sobre o que está acontecendo e avaliar riscos de suicídio envolvidos no contexto; as alterações do humor ainda não são explicáveis na perspectiva de causas, pois elas são multidimensionais, mas existe tratamento efetivo. Nos casos de depressão, sugere-se: descobrir, planejar e estimular atividades que possam minimamente gerar prazer e sentido de vida; refletir sobre a autoconfiança; identificar possíveis origens para o sofrimento vivenciado e as principais fontes de estresse; explicar à família que a pessoa precisa de apoio (OMS, 1998).
Nos casos de mania, recomenda-se: evitar confrontação; dialogar sobre os comportamentos impulsivos; solicitar à família que observe e acolha a pessoa, e se a agitação ou comportamento disruptivo forem graves, a possibilidade de internação em CAPS III ou hospital geral deve ser refletida entre todos os envolvidos.
É recomendada a consulta com o especialista quando há risco significativo de suicídio ou ameaça para outras pessoas, sintomas psicóticos e persistência do quadro depressivo ou maníaco apesar das intervenções realizadas (OMS, 1998).
Síndromes neuróticas, ansiosas e somatoformes
Segundo Dalgalarrondo (2008), o conceito de neurose está relacionado com a angústia originária dos conflitos existenciais e complexos das relações da condição humana. Para Minerbo (2009, p. 26) a neurose diz respeito a uma forma de subjetividade constituída pelo e no simbólico, ou seja, “é constituída por uma matriz simbólica relativamente fixa a partir da qual o sujeito lê o mundo e reage a essa leitura”.
Nas síndromes neuróticas, ansiosas e somatoformes uma característica bastante comum é o sintoma de ansiedade patológica, e, no caso das fobias, o medo. Entretanto, a ansiedade também é sintoma frequente em diversas outras síndromes.
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Palavra de Profissional |
É importante distinguir a ansiedade do medo. O medo é uma emoção relacionada a ameaças iminentes ou imediatas geralmente identificáveis, que desencadeiam uma série de reações físicas e psíquicas para preparar a pessoa para a defesa ou a fuga de uma situação considerada ameaçadora. A ansiedade gera reações físicas e psíquicas semelhantes, mas a situação de ameaça não é clara.
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