Alimentação para crianças não amamentadas ou com desmame precoce, ver quadro 6.
O leite de vaca não modificado deve ser evitado no primeiro ano de vida, em razão do pobre teor e baixa disponibilidade de ferro, o que pode predispor a anemia e pelo risco maior de desenvolvimento de alergia alimentar, distúrbios hidroeletrolíticos e predisposição futura para o excesso de peso e suas complicações.
Quadro 6: Esquema alimentar diário para crianças menores de 2 anos não amamentadas Fonte: Brasil, 2009a, p. 91.
A criança também deve receber água em temperatura ambiente no intervalo das refeições, no mínimo três a quatro vezes por dia.
Frequência e volume da alimentação da criança pequena desmamada de acordo com a idade, veja o quadro 7:
Quadro 7: Alimentação da criança de acordo com a idade
Fonte: Brasil, 2009a, p. 91.
Diluição correta do leite em pó em crianças menores que 4 meses de idade, veja quadro 8:
Quadro 8: Diluição do leite em pó para crianças menores de 4 meses
Fonte: Brasil, 2009a, p. 92.
No caso de menores de 4 meses, na impossibilidade de usar fórmula infantil, no uso do leite de vaca diluído:
- Ácido linoleico – Óleo Vegetal 3%, para cada 100 ml de leite, colocar 1 colher de chá rasa de óleo.
- não acrescentar amido ou açúcar, exceto desnutridos com baixa ingestão.
Os valores indicados acima são aproximados, de acordo com a variação de peso corporal da criança nas diferentes idades. Após os 4 meses de idade, o leite integral líquido não deverá ser diluído e deve ser oferecido com outros alimentos. O preparo de fórmulas infantis deve seguir as recomendações do rótulo do produto.
Processo de desmame
O homem é o único mamífero em que o desmame (Aqui definido como a cessação do aleitamento materno) não é determinado somente por fatores genéticos e pelo instinto. Muitas vezes, as preferências culturais de não amamentação ou amamentação de curta duração, entram em conflito com a expectativa da espécie que é em média de dois a três anos de amamentação.
O processo natural é o autodesmame da criança, que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre 2 e 4 anos e raramente antes de 1 ano. Costuma ser gradual, mas às vezes ocorre subitamente, como por exemplo, em uma nova gravidez da mãe, em que a criança pode estranhar o gosto do leite que se altera e o volume diminui. A mãe também participa ativamente do processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para aceitá-los e impondo limites adequados à idade.
Sinais indicativos de que a criança está madura para o desmame (BRASIL, 2009a, p. 64)
- Idade maior que um ano;
- menor interesse nas mamadas;
- aceitação de variedade de outros alimentos;
- segurança na sua relação com a mãe;
- aceite de outras formas de consolo;
- aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais;
- às vezes dorme sem mamar no peito;
- mostra pouca ansiedade quando encorajada a não ser amamentada;
- às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe em vez de mamar.
Na Prática:
O desmame abrupto deve ser desencorajado, pois, se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e, muitas vezes, rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, estase do leite e mastite, além de tristeza ou depressão e luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais.
É importante que a mãe não confunda o autodesmame natural com a chamada “greve de amamentação” do bebê. Esta ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que dois ou quatro dias.
Orientações para o desmame
- se a criança for maior, o desmame pode ser planejado com ela;;
- pode-se propor uma data, oferecer uma recompensa e até mesmo uma festa;
- a mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando;
- pode também encurtar as mamadas e adiá-las;
- mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos, entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai ou de outros familiares próximos no processo, sempre que possível, é importante;
- a mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar, como não sentar na poltrona em que costuma amamentar e evitar os horários de costume.
Souza, Döhms e Carcereri