Módulo 6: Saúde materna, neonatal e do lactente - Enfermagem na atenção à saúde materno-fetal: pré-natal
Unidade 2: Gravidez: Diagnóstico e Evolução

Diagnóstico de gravidez
Fisiologia da gravidez
Desenvolvimento do bebê

Aspectos sociais, culturais e emocionais da gravidez

A vivência destes trimestres diverge de mulher para mulher, de acordo com o modo como compreende e aceita a gestação, o planejamento da gravidez por elas e familiares; a rede de apoio; condições sociais e econômicas; a atenção pré-natal recebida; a história de vida, as crenças e os valores (MALDONADO, 2002).

Palavra do Profissional
Você, com sua competência técnica, intuição e sensibilidade, pode contribuir para o desempenho das funções expressas acima, bem como favorecer a compreensão das mudanças psicossociais experienciadas, por meio do diálogo compartilhado, permitindo a livre expressão dos sentimentos e dúvidas das gestantes e familiares.

Estes sentimentos, nos três trimestres, têm influência significativa no exercício da sexualidade. Acompanhe a seguir.

Como vemos, no ciclo gravídico-puerperal, a vivência da sexualidade é influenciada pelas modificações anatômicas, fisiológicas e, principalmente, psicológicas e culturais, haja vista os tabus e mitos relativos a esta temática. Um deles diz respeito ao fato de machucar o bebê durante a relação sexual, o que não é verdade, pois este está protegido pelas bolsas de água e o próprio útero. O colo está fechado e impermeável e há a formação do tampão mucoso no cérvix.

É muito comum também, o sentimento de vergonha do casal ou do homem ou da mulher, ao terem a sensação de que o filho é um expectador da relação (nestas situações o diálogo e a cumplicidade do casal superam estas dificuldades e mitos. O amor, o colo, o carinho são fundamentais nesta relação). O bebê recebe substâncias neuroquímicas de prazer via placenta. Quanto o momento é prazeroso para a mãe também para o nenê, mas não tem como ele ver e participar desse momento conjugal. A síndrome de Nossa Senhora, em que o homem vê a mulher como uma santa, que não pode ser tocada, também é outro tabu relacionado à sexualidade.

Temos algumas situações que impedem a atividade sexual com penetração vaginal e orgasmo, que são: o trabalho de parto prematuro, o descolamento de placenta, a placenta prévia ou ameaça de aborto e a incompetência istmo-cervical. Nestes casos, é necessário abster-se da relação sexual e não manipular as mamas, para evitar a liberação de ocitocina que poderia potencializar estas patologias. Fora isso, não há impeditivo, desde que a relação sexual seja adaptada ao período da gravidez. A atividade sexual, quando não há contra indicação da mesma, pode ocorrer até o dia do parto.

A vida sexual, presente durante a gravidez vai muito além do genital. Traz o comprometimento e a aceitação do outro, com benefícios significativos para os dois. O sexo e a sexualidade podem e devem desenvolver o erotismo na mulher, mesmo grávida, fazendo com que ela possa continuar se sentindo sexualmente desejada, mesmo com as alterações de seu corpo, nesse processo que a tornará mãe (CAMACHO; VARGENS; PROGIANTI, 2010).

O enfermeiro ao compartilhar informações com o casal em grupos educativos, na consulta ou visita domiciliar, pode ajudar a quebrar tabus e estimular o diálogo que permitirão a vivência da sexualidade em sua plenitude.