Administração dos quimioterápicos
A administração deve ser realizada por enfermeiro, conforme definição da Resolução COFEN n. 210/1998 e n. 257/2001 (COFEN, 1998; COFEN, 2001). O profissional deve ter atenção à higienização das mãos antes e após os procedimentos, deve utilizar EPI: avental de mangas longas e luva de látex. O uso de máscara com filtro de segurança é recomendado, mas não é exigido (BRASIL, 2008a). Ressalta-se que, máscaras descartáveis comuns não protegem os profissionais. O principal cuidado de enfermagem na administração dos quimioterápicos é a técnica correta, o que impede a volatização e os respingos dos medicamentos, para isto, se faz necessária a definição de protocolos de enfermagem para administração e cuidados de enfermagem relacionados.
Outro ponto importante são os cuidados com as excretas das pessoas, durante as primeiras 72 horas após a administração das medicações quimioterápicas. Neste período, as excretas podem apresentar medicação ativa. Assim, cabe ao enfermeiro manter cuidados evitando o risco ocupacional e a exposição ao risco da pessoa em tratamento e dos familiares (BRASIL, 2008a; BONASSA; SANTANA, 2005).
É necessário ainda orientar os seguintes cuidados: após a micção, evacuação ou vômitos a descarga do vaso sanitário deve ser acionada com a tampa fechada, duas vezes. Caso a pessoa vomite sobre uma superfície, como, por exemplo, sobre o chão, devem ser utilizados panos ou papéis absorventes para a limpeza, que devem ser descartados dentro de sacos plásticos amarrados após o seu uso. Roupas contaminadas devem ser lavadas separadamente de outras roupas. Nos ambientes hospitalares e ambulatoriais, os profissionais devem seguir os procedimentos estabelecidos pela RDC n. 306/2004 (ANVISA, 2004b). Esta Resolução dispõe sobre o Regulamento Técnico para Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde.
A RDC n. 220 (ANVISA, 2004a) estabelece as principais normas técnicas para implantação e funcionamento de Serviços de Terapia Antineoplásica.
Aos profissionais envolvidos na manipulação dos quimioterápicos é indicada a realização de exames semestrais para verificação da função renal, hepática, pulmonar, hemograma e plaquetas. Além disto, os profissionais devem estar envolvidos em programas de educação permanente (BRASIL, 2008a; ANVISA, 2004a).
Existem normas técnicas que envolvem o manuseio dos quimioterápicos, transporte, guarda, diluição, administração, descarte dos resíduos e normas de cuidados com o ambiente (interno ou externo). Todas as normas devem ser devidamente seguidas, pois o erro técnico expõe as pessoas e o ambiente ao contato com os agentes quimioterápicos e estes são carcinogênicos, mutagênicos e fetotóxicos. Seguir as normas técnicas significa cuidar de si, dos outros e do ambiente.
A administração dos quimioterápicos pode ser realizada pela via oral, intravenosa, intramuscular, subcutânea, arterial, intratecal, intrapleural, intraperitoneal e intravesical. A administração dos quimoterápicos exige dos profissionais conhecimentos sobre a fisiopatologia do câncer, farmacologia dos quimioterápicos, cuidados de enfermagem na administração dos quimioterápicos, complicações decorrentes do tratamento e da patologia, toxicidades ou efeitos colaterais ocasionados pela quimioterapia.
Toxicidades ou efeitos colaterais e os cuidados de enfermagem relacionados
As toxicidades e os efeitos colaterais podem limitar o uso de alguns quimioterápicos, podendo surgir de forma imediata ou tardia, aguda ou crônica ou até mesmo cumulativa. E além das células que possuem função de divisão celular aumentada, atingidas pela ação dos quimioterápicos, o funcionamento de alguns órgãos pode ser comprometido, como por exemplo:
O tratamento destas toxicidades, em geral, está relacionado à redução da dose do(s) quimioterápico(s) prescrito(s), suspensão da quimioterapia temporariamente ou definitivamente, tratamento dos sintomas, mudança do protocolo quimioterápico prescrito (BRASIL, 2008a).
Os efeitos colaterais mais comuns encontrados durante o tratamento quimioterápico são: náuseas, vômitos, mucosite, diarreia, constipação, anorexia, fadiga, neutropenia, anemia, trombocitopenia, alopécia, alterações na pele e unha, hiperpigmentação, fotossensibilidade, reação alérgica e anafilática com reação dermatológica local, ocasionada pelo extravasamento dos quimioterápicos para fora do vaso sanguíneo.
É importante lembrar que os efeitos colaterais diferem de pessoa para pessoa, bem como sua intensidade e duração. Muitas pessoas em tratamento não apresentam efeitos colaterais, o “status” do paciente, isto é, o protocolo prescrito e o tempo de tratamento estão diretamente relacionados a esses fatos.
A toxicidade hematológica é a maior definidora para o intervalo entre os ciclos do tratamento quimioterápico. O período de intervalo entre os ciclos do tratamento foram definidos por estudos científicos, de acordo com a resposta terapêutica e recuperação medular (BONASSA; SANTANA, 2005).
Estes efeitos colaterais foram selecionados por serem os efeitos mais encontrados por profissionais que cuidam de pessoas com câncer nas diversas unidades de atendimento não especialistas, como deve ser o seu caso.
Vejamos a partir da próxima página os detalhes de cada efeito colateral.