Módulo 7: Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências Cárdio e Neurovasculares
Unidade 1: Cuidado de Enfermagem nas Emergências Cardiovasculares

Conceitos Iniciais
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
Arritmias Cardíacas
Parada Cardiorrespiratória (PCR)
Atendimento a PCR sistematizado - Suporte básico de vida
Atendimento a PCR sistematizado - Suporte Avançado de Vida (SAV ou ACLS)

Parada Cardiorespiratória (PCR)

Chegamos ao momento no qual a sua atuação terá mais importância diante de uma situação, como a descrita abaixo. Este é um desafio na vida de qualquer profissional da saúde, ou seja, reverter uma situação de parada cardiorrespiratória.

Vejamos como é similar aos casos que ocorrem em nosso cotidiano e como devemos conduzir a situação em qualquer ambiente de assistência a saúde:

Atualmente, várias pessoas são assistidas em serviços de pronto atendimento nas urgências. São homens, mulheres, crianças, jovens e idosos com os mais variados problemas de saúde e níveis de gravidade. Assim, é importante que a equipe de saúde esteja preparada para atuar com habilidade e conhecimento dos protocolos que norteiam o atendimento de urgência.

Muitas situações que não evidenciam a emergência, como um quadro de angina, têm o fator tempo como determinante no prognóstico do paciente; quanto mais rápido e qualificado o atendimento, maiores serão as chances de sobrevida e de se prevenir sequelas. Contudo, lembramos que a rapidez no atendimento não significa, em hipótese nenhuma, negligenciar os princípios de segurança do paciente e de si próprio.

A organização do atendimento por meio de protocolos específicos facilita o trabalho da equipe assistencial. Esses protocolos são também denominados algoritmos.

Os métodos de atendimento aceitos internacionalmente estão de acordo com as Diretrizes da American Heart Association (AHA), última atualização publicada em outubro de 2010, que estabelece protocolos para o Suporte Básico de Vida (BLS), Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) e Suporte Avançado de Vida em Pediatria (PALS) (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

Observe que os protocolos foram concebidos partindo da premissa de que as lesões mais críticas, sob o ponto de vista de risco de morte, são aquelas que devem ser tratadas prioritariamente. Entretanto, no momento em que temos uma situação de emergência à nossa frente, verificamos o quanto é importante a definição de um método, de um caminho que direcione as nossas ações, pois temos a convicção de que cada segundo é tempo precioso para a pessoa que está sendo atendida.

De acordo com as Diretrizes da American Heart Association (2010), para Reanimação Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE) recomenda-se a alteração da sequência de procedimentos A-B-C (via aérea, respiração, compressões torácicas) para C-A-B (compressões torácicas, via aérea, respiração) em adultos, crianças e bebês (excluindo-se os recém-nascidos).

Saiba Mais
Para aprofundar seus conhecimentos acerca desse assunto, consulte o registro brasileiro de ressuscitação cardiopulmonar intra-hospitalar: fatores prognósticos de sobrevivência pós-ressuscitação, disponível aqui.

Conceito

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nas últimas décadas, as doenças cardiovasculares (DCV) têm sido a primeira causa de morte no mundo. No Brasil, 300 mil pessoas morrem por ano devido a doenças cardiovasculares (AVEZUM et al, 2009).

As doenças do aparelho circulatório representam a principal causa de óbito no país e as doenças isquêmicas do coração são responsáveis por 80% dos episódios de morte súbita. Diante desta realidade, o Ministério da Saúde instituiu a Portaria GM/MS nº 2.420, em 09 de novembro de 2004, constituindo um grupo técnico (GT) com a finalidade de avaliar e recomendar estratégias de intervenção do SUS para abordagem da morte súbita.

Em outubro de 2010, foi publicado o documento contendo as “Diretrizes da American Heart Association (AHA)”, enfatizando as principais alterações para a RCPACE (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

Para desenvolver ações efetivas e rápidas, as Diretrizes da American Heart Association (2010) estabeleceram protocolos, incluindo o tratamento das arritmias que, se não identificadas e tratadas precocemente, poderão evoluir para a parada cardíaca. As arritmias cardíacas são distúrbios na geração, condução e/ou propagação do impulso elétrico no coração. Identificá-las e tratá-las de forma adequada é prioridade do atendimento de emergência, pois arritmias como a fibrilação ventricular (FV), taquicardia ventricular (TV) sem pulso, atividade elétrica sem pulso (AESP) e assistolia podem levar à morte (PIRES; STARLING, 2006).

As taquiarritmias ventriculares que provocam instabilidade hemodinâmica, conforme mencionados no conteúdo das arritmias devem ser tratadas de forma imediata, na FV e TV, com choque elétrico denominado desfibrilação, exceto assistolia e AESP (que devem ser tratadas com manobras de RCP). É necessário estar habilitado para identificar estes ritmos, pois a reversão destes quadros será o fator determinante para o sucesso da recuperação PCR. A utilização correta do desfibrilador ou desfibrilador externo automático (DEA) será fundamental neste processo.

Para evitar falhas nesse sentido, recomendamos alguns cuidados fundamentais:

  • observe se os cabos estão conectados ao monitor cardíaco de forma correta;
  • verifique se o botão do sincronismo está acionado, pois ele só deve ser utilizado em casos de cardioversão elétrica (ou seja, arritmias atriais ou TV com pulso);
  • verifique se o ganho (amplitude das ondas) do monitor cardíaco está aumentado;
  • cheque o ritmo cardíaco em duas derivações, por exemplo, passando de DII para DIII.
  • se você estiver utilizando um DEA, verifique a conexão dos eletrodos e o posicionamento correto dos mesmos e siga rigorosamente as orientações fornecidas pelo aparelho.
Na página a seguir, trataremos dos fatores de risco e das etapas de atendimento das PCRs.