Módulo 7: Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências Cárdio e Neurovasculares
Unidade 1: Cuidado de Enfermagem nas Emergências Cardiovasculares

Conceitos Iniciais
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
Arritmias Cardíacas
Parada Cardiorrespiratória (PCR)
Atendimento a PCR sistematizado - Suporte básico de vida
Atendimento a PCR sistematizado - Suporte Avançado de Vida (SAV ou ACLS)

Ventilação e Desfibrilação

B – Boa ventilação – Adulto

Após a primeira série de compressões torácicas iniciais, a via aérea é aberta e são aplicadas duas ventilações. A utilização da bolsa-valva-máscara é sempre a melhor indicação; escolha o tamanho do dispositivo adequado para melhor adaptação na vedação da boca e nariz.

As ventilações somente são recomendadas para pessoas capacitadas, leigos podem realizar apenas massagem cardíaca até a chegada do DEA e ou suporte avançado. Segundo as Diretrizes da American Heart Association (2010, p.3). “Se a pessoa presente não tiver treinamento em RCP, ela deverá aplicar a RCP somente com as mãos[...]”.

As ventilações com via aérea avançada, por profissionais de saúde, podem ser feitas na proporção uma a cada 6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações/min).

É importante que se verifique a elevação do tórax.

D – Desfibrilação – Adulto

O desfibrilador externo automático (DEA) é utilizado no SBV por profissionais habilitados, e pode ser operado por pessoa leiga treinada. Tem como função analisar o ritmo cardíaco, reconhecer ritmo chocável e orientar o usuário como proceder na aplicação do choque e condução da RCP (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

A ressuscitação cardiopulmonar e o uso de DEAs tem sua aplicação atualmente recomendada por primeiros socorristas da segurança pública para aumentar as taxas de sobrevivência em PCR súbita extra-hospitalar. Veja na animação a seguir como esse procedimento deve ser realizado.

Mas em que consiste a desfibrilação? Vamos entender melhor como isso se processa?

A desfibrilação é a aplicação de uma corrente elétrica sobre o músculo cardíaco, por um curto período de tempo, para cessar o ritmo anormal.

É indicado para fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular sem pulso TV).

Figura: A presença de Fibrilação Ventricular em ECG

Fonte: American Heart Association, 2012.

Palavra do Profisional
Na fibrilação ventricular grossa, o ritmo continua caótico sem débito cardíaco, porém, apresenta maior atividade elétrica do que a fibrilação ventricular fina, conforme demonstrado na figura acima.

Saiba Mais
Para aprofundar seus conhecimentos acerca do assunto, assista ao vídeo de utilização do DEA, disponível aqui.

Ao ser aplicada a desfibrilação no tórax do paciente, ocorre uma assistolia momentânea na corrente elétrica, propiciando que o marca-passo natural do coração reassuma as atividades. Quando houver a repolarização das células, o marca-passo deverá assumir o comando do coração. Logo após a desfibrilação, reiniciar imediatamente cinco ciclos de 30 compressões para duas ventilações por um período de aproximadamente dois minutos de RCP; assim, você proporcionará auxílio ao coração na organização do seu ritmo.

Saiba Mais
Aprenda mais sobre o potencial da célula cardíaca (princípios de despolarização e repolarização) em:
  • Potencial de ação da célula cardíaca, disponível aqui;
  • Diretriz de interpretação de eletrocardiograma de repouso, disponível aqui;
  • Arritmias Cardíacas e Eletrofisiologia, disponível aqui.

Vamos aprofundar a desfibrilação? Mas, antes, não se esqueça de participar do fórum relativo a esta Unidade e discuti-la com seus colegas e professores.

Para desfibrilação, utilizamos dois tipos de energia: a monofásica e a bifásica.

Pelo uso de energia monofásica, o fluxo de corrente passa pelo coração em uma única direção, geralmente utilizada em aparelhos mais antigos, sendo recomendada a utilização de 360 joules. Na bifásica, o fluxo de energia é aplicado em duas fases: a corrente se move em uma direção por um milissegundos e, então, passa através do coração uma segunda vez no sentido oposto, sendo recomendada a utilização de 120 a 200 joules (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

O DEA é um aparelho computadorizado, que é fixado por pás adesivas no tórax desnudo do paciente sem pulso. Ele fornece mensagem sonora e visual que orienta o manuseio assim que é ligado. Nesse momento, mantenha-se afastado do cliente; aguarde a análise do ritmo; aplique o choque, se recomendado; e reinicie imediatamente RCP por dois minutos ou cinco ciclos de 30 compressões e duas ventilações.

Figura: Desfibrilador Externo Automático (DEA)

Fonte: Brasil, 2010

Para utilizar o desfibrilador, observar se há pelos no tórax; havendo, realizar tricotomia e limpar os pelos; secar o tórax, se estiver molhado.

Em cliente portador de marca-passo ou cardioversor-desfibrilador implantado (CDI), as pás autoadesivas devem ser colocadas distantes do dispositivo implantado, porém a preocupação com o posicionamento preciso das pás em relação a um dispositivo médico implantado não deve retardar a tentativa de desfibrilação. Em clientes que utilizam adesivo de medicação, removê-lo e limpar o local.

O DEA não deve ser utilizado na presença de água, portanto, em atendimentos em piscinas, lago e outros, retirar o cliente da água antes do procedimento. Se o cliente apresentar melhora do quadro clínico, deve ser mantido em posição de recuperação. As pás autoadesivas não devem ser retiradas até que o SAV assuma a continuidade do tratamento. Após o uso, elas devem ser descartadas.

Pás autoadesivas devem ser colocadas sobre o peito do cliente conforme indicações descritas nas mesmas, sendo que, uma fica na região para esternal direita e a outra no ápice, ou seja, abaixo da mama esquerda, na linha mamilar. Segundo as Diretrizes da American Heart Association (2010), qualquer uma das três posições alternativas da pá (anteroposterior, infraescapular anteroesquerda e infraescapular anterodireita) podem ser consideradas, segundo as características de cada paciente.

Compartilhando
As Diretrizes da AHA 2010 para RCP recomendam estabelecer programas de uso dos DEAs em locais públicos, onde exista grande probabilidade de PCP como, por exemplo: aeroportos, instituições esportivas e shoppings dentre outros.

Com a finalidade de maximizar a eficácia desses programas, enfatiza-se a parceria com Serviços Médicos de Urgência para treinamentos e organização de um fluxo de atendimento para o estabelecimento da linha de cuidado. Também enfatiza-se o uso dos DEAs no ambiente intra-hospitalar.

Figura: O novo algoritmo de SBV Circular

Fonte: TRAVERS et al., 2010

Concluímos nosso estudo sobre o Suporte básico de vida, que consiste no reconhecimento da PCR e realização de procedimentos para a RCP. Vimos que, com as alterações das Diretrizes da American Heart Association em 2010, a sequência da realização dos procedimentos passa a ser C-A-B, com o objetivo de instituir as condições mínimas necessárias para recuperar ou manter a oxigenação e a perfusão cerebral. Aprendemos também os procedimentos referentes às demais importantes fases que constituem esse suporte – a ventilação e a desfibrilação.