Módulo 7: Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
Unidade 3: Planejamento e Gestão na Atenção Psicossocial

Atenção Psicossocial: Análise Situacional
Ampliação e qualificação das ações de atenção psicossocial na atenção básica
Planejamento da Rede de Atenção Psicossocial
As pessoas e a situação de saúde
A análise situacional a partir do território
Financiamento e orçamento da RAPS
A organização da RAPS e sua gestão

A análise situacional a partir do território

A análise situacional local pode seguir um roteiro para auxiliar na identificação dos problemas de saúde, conforme proposto por Verdi e Amadigi (2005):

• A identificação pode ser feita por dados oficiais de saúde: indicadores populacionais, indicadores sócio-demográficos (condições de moradia, educação, renda familiar, trabalho, lazer, segurança), indicadores de nível de saúde (natalidade, mortalidade, morbidade, cobertura vacinal, saneamento básico e meio ambiente); indicadores de oferta de serviços de saúde (serviços da rede pública e conveniada com o SUS). Esses dados somam-se ao do IBGE, Ministério da Saúde, Secretarias estaduais e municipais de saúde, entre outros (VERDI E AMADIGI, 2005).

• Dados informais de saúde: os dados podem ser coletados com lideranças comunitárias, representantes da associação de bairros, moradores, grupos organizados e que contribuem para a fotografia da situação de saúde (VERDI E AMADIGI, 2005).

Estamos falando do “circuito psiquiátrico” ou, atualmente, da cartografia psicossocial. Para Dell’acqua e Mezzina (2005) a pessoa em crise aponta as fragilidades e potencialidades que um território possui para as situações de crise. Para os autores, a entrada neste circuito se dá pelo reconhecimento do limite do sofrimento, da intolerância e violência que um determinado contexto é capaz de lidar ou negligenciar.

O percurso terapêutico das pessoas que se reflete nas etapas de ir a um serviço e outro para buscar cuidado em saúde mental indicam a crise da organização territorial. O contexto sanitário “não está em condição de reconhecer o sujeito como entidade complexa, o sistema tende a reduções e simplificações progressivas” e isto pode aumentar ainda mais o agravamento do sofrimento singular e da família que busca o recurso (DELL’ACQUA e MEZZINA, 2005, p.163).

Para Limonad (2007, p.166) “quanto menos salientes são as barreiras espaciais, maior é a sensibilidade dos governos e do público em geral às variações dos lugares através do tempo e do espaço”.

Nessa linha, um território potente mistura a RAPS com o princípio da intersetorialidade, ou seja, articula-se com a cidade para responder as demandas de cada usuário e família, pois a existência-sofrimento é complexa demais para apenas o setor saúde dar conta. O tema da crise é transversal aos componentes e pontos de atenção da RAPS.

Veja abaixo um exemplo de rede no território.

Como podemos observar no esquema que descreve a articulação da RAPS com demais equipamentos sociais. Segundo o CFP (2011, p.17) cada ponto de atenção deve ter um projeto de atenção psicossocial planejado e desenvolvido. A partir deste projeto, “articula-se com a rede intersetorial de políticas públicas, além dos recursos da comunidade, pensada como espaços a serem desenvolvidos ou ‘ativados’ para o pertencimento à Rede”. A ideia é que a RAPS seja transversal a todo o sistema de saúde, pois seu vínculo intersetorial é que potencializa sua constituição.

Portanto, a criação de fóruns permanentes de saúde mental e grupos condutores com representantes dos setores das políticas públicas e de movimentos sociais possibilita a troca de experiências e maior resolutividade nas demandas de saúde mental.