Módulo 8: Linha de Cuidado Nas Urgências/Emergências Traumatológicas
Unidade 3: A avaliação Inicial (primária) à vítima de trauma

Introdução
Ventilação e Respiração
Contusão Pulmonar
Circulação com controle da Hemorragia
Avaliação Neurológica
Exposição com Controle da Hipotermia

Cuidados com a hiportemia

A proteção contra hipotermia é de suma importância, pois cerca de 43% dos pacientes desenvolvem esse tipo de alteração durante a fase de atendimento inicial, com redução na temperatura basal, de 1°C a 3°C. A hipotermia é definida como a diminuição da temperatura corpórea central abaixo de 35°C. O diagnóstico de hipotermia não deve ser feito na superfície corporal, mas sim utilizando um termômetro retal, introduzindo a uma profundidade de pelo menos 15 cm no reto. Quando não identificada de maneira correta, pode ser fatal em um período de 2 horas de evolução (ATLS, 2007).

A hipotermia devido à infusão de líquidos não aquecidos no paciente traumatizado é pouco valorizada na maioria das vezes. Entretanto, é causa frequente de morte nestes pacientes. Deve ser prevenida pelo aquecimento do paciente (bolsas de água quente, cobertores, líquidos I.V. aquecidos) e do meio ambiente. O aquecimento e a estocagem a 40ºC de algumas bolsas de RL (Ringer Lactato) e SF (Soro Fisiológico) deve ser feito em toda a sala de emergência. Caixas com lâmpadas comuns e um termostato acoplado podem servir para este propósito. Também um forno de microondas com 650 W de potência pode ser útil para aquecer 1 litro de solução salina em 2 minutos. O sangue (concentrado de hemácias) vindo do banco de sangue está a 4 - 5ºC e diminui a temperatura corporal de 0,5 a 1ºC a cada unidade transfundida. Seu aquecimento pode ser feito por diluição com SF aquecida. Isto aumenta também sua velocidade de infusão por diminuição da viscosidade, diminuindo assim outras complicações (SOUSA et al., 2009). O quadro a seguir mostra as complicações da hipotermia no organismo, confira.

Quadro: Complicações da hipotermia na abordagem inicial à vitima de trauma. FONTE: Pavelqueires et al. (2006 p.170).

A seguir, observe algumas considerações sobre os diagnósticos (NANDA, 2010) e as intervenções de enfermagem (BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMAN, 2010) em vítimas de trauma.

Os diagnósticos de enfermagem (NANDA, 2010) identificados na avaliação das extremidades são:

  • Perfusão tissular ineficaz: periférica;
  • Risco de temperatura corporal desequilibrada;
  • Hipotermia.
Conheça os fatores de risco, as causas, as manifestação de sinais e sintomas, entre outras informações importantes para sua atuação dos diagnósticos relacionados à hipotermia não tratada.

Quadro: Diagnósticos de enfermagem relacionados à hipotermia não tratada. Fonte: NANDA- (2010).

Confira então as intervenções de enfermagem relacionadas à hipotermia não tratada e suas atividades/ações (BULECHEK; BUTCHER; DOCHTERMAN, 2010), descritas a seguir na animação.

A reavaliação dos Sinais Vitais

Ao final do atendimento inicial é feita a reavaliação, pois nem sempre a gravidade será identificada na avaliação primária, uma vez que algumas lesões ainda estão em desenvolvimento, não mostrando alterações hemodinâmicas significativas; por isso, é necessário que o cliente seja reavaliado continuamente nas etapas ABCDE, mantendo-o ainda devidamente monitorado. Se for identificado qualquer problema, é necessário iniciar a sua correção antes de iniciar a avaliação secundária (FUNDAP, 2010).

A Avaliação dos Sinais Vitais deve ser realizada simultaneamente com a Avaliação primária e deve-se considerar a necessidade de transferência do paciente em função dos recursos disponíveis do sistema de saúde.

A avaliação Exposição com controle de hipotermia é uma etapa crucial durante a avaliação primária e preconiza a necessidade do exame global da vítima traumatizada. Portanto, a equipe precisa remover, ou melhor, cortar as vestimentas da vítima, garantindo a imobilização e o alinhamento do corpo (SOUSA et al., 2009). Para o exame dorsal é necessária a mobilização em bloco dessa vítima, lembrando que um socorrista deverá estar na cabeça do acidentado comandando o giro lateral. Proteger a vítima com lençol e cobertor protege contra a hipotermia. A Etapa E – Exposição com controle da hipotermia - é a etapa que completa a avaliação avalição primária. Essa etapa final determina o exame total e rápido do corpo da vítima e a equipe de emergência não deve ter medo de remover toda a roupa, se esse for o meio apropriado para completar a avaliação e o tratamento associado ao mecanismo do trauma. Mas esteja atento à hipotermia, garantindo o aquecimento do corpo.

Como você acompanhou neste estudo que A avaliação Exposição com controle de hipotermia é uma etapa crucial durante a avaliação primária e preconiza a necessidade do exame global da vítima traumatizada. Esperamos que este tema tenha contribuído para um melhor aproveitamento e aprimoramento de suas práticas. Lembre-se que um acolhimento e atendimento em Urgência e Emergência constitui uma prática imediata e precisa.

Continue com seus estudos!