Módulo 6: Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências Clínicas Respiratórias e Metabólicas
Unidade 2: Aplicação da metodologia da assistência nas desordens metabólicas e eletrolíticas

Emergências médicas metabólicas
Distúrbios do potássio
Distúrbios do cálcio
Distúrbios do sódio (Na+)

Hipoglicemia

Esta é a complicação mais comum da terapia de insulina e de medicações para a diabetes, sendo mais comum devido ao fato de que os pacientes insulino-dependentes necessitam controle glicêmico mais rigoroso. Isso limita o que pode ser alcançado com o tratamento de insulina, sem mencionar a ansiedade que provoca aos pacientes e seus familiares (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005; KWON, TSAI; 2007)..

Palavra de Profissional
Virtualmente todos os pacientes experienciam sintomas intermitentes e 33% entrarão em coma em algum estágio de suas vidas.

Uma pequena minoria sofrerá ataques de hipoglicemias que serão tão frequentes e severos quanto serão virtualmente incapacitantes.

No estudo Diabetes Control and Complications Trial (2002) os pacientes no grupo de regime intensivo para o tratamento do diabetes apresentaram 62 episódios de hipoglicemia a cada 100 pacientes/ano, episódios estes que precisaram atendimento hospitalar (BOHN; DANEMAN, 2002).

Existem dois tipos de manifestações nestes pacientes que apresentam hipoglicemia: as causadas pela neuroglicopenia (ausência de glicose no sistema nervoso central) e as manifestações adrenérgicas causadas pela hipoglicemia (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005; KWON, TSAI; 2007)..

E quais são as principais características clínicas destes pacientes?

• São manifestações de neuroglicopenia: cefaleia, sonolência, ataxia, convulsões, podendo progredir para déficits neurológicos focais.

• São manifestações adrenérgicas: palpitações, taquicardia, ansiedade, tremores e sudorese.

Nos pacientes idosos ou com diabetes de longa data, com disfunção autonômica, ou fazendo uso de B-bloqueadores, os sintomas adrenérgicos podem não aparecer, sendo muitas vezes reconhecidos tardiamente. Tal fato pode provocar sequelas irreversíveis nestes pacientes.

Intervenções de Enfermagem

Fundamentadas em (NIMMO et al., 2009; MARTINS; SCALABRINI NETO; VELASCO, 2005; KWON; TSAI, 2007).

• Qualquer paciente que chegue à Emergência ou unidade de atendimento e que apresente agitação, confusão, coma ou mesmo com déficit neurológico localizatório, deve imediatamente ser submetido a uma glicemia capilar. Pois, quanto mais precocemente for corrigida a hipoglicemia, menores serão as chances de provocar sequelas neurológicas.

• Se confirmada a hipoglicemia, deve-se infundir glicose a 50% IV. Em pacientes sem acesso venoso, pode-se fazer o Glucagon IM/SC (0,5mg 2,0mg).

Embora o efeito da glicose IM ou SC seja fugaz e ineficaz em segunda dose uma vez que depleta todo o estoque de glicogênio hepático, é possível ganhar um tempo adicional em pacientes sem acesso venoso fácil. E, lembre-se, somente o médico pode prescrever a droga e o medicamento necessário para cada situação clínica. Observe sempre o protocolo de sua instituição.

• Pode-se ainda tentar glicose por via oral, se a hipoglicemia é pouco sintomática, oferecendo ao paciente a ingestão de algum carboidrato de rápida absorção como uma bala, um copo de água com açúcar ou um tablete de açúcar.

• Verifique os sinais vitais do paciente.

• Observe continuamente o nível de consciência.

• Avalie o estado geral do paciente como sudorese, palidez cutânea, tontura entre outros.

Há ainda outros aspectos do tratamento que devem ser observados são:

• Normalmente os médicos prescrevem tiamina juntamente com a glicose para pacientes desnutridos, hepatopatas e alcoolistas. A tiamina pode ser usada por via IV ou IM, na dose de 100mg. O objetivo é evitar a encefalopatia de Wernick-Korsakof.

• Nos pacientes que fazem uso de insulina, sem causa aparente para a hipoglicemia, normalmente são solicitadas ureia e creatinina, pois o paciente pode evoluir para insuficiência renal e ser necessário reduzir a dose de insulina.

• Aos pacientes diabéticos e que fazem uso de sulfonilureias, também são solicitadas ureia e creatinina. Estes pacientes podem fazer graves hipoglicemias de repetição e necessitam de observação por 16 a 24 horas com glicemia capilar de h/h.

Se houver insuficiência renal ou a sulfoniluréia pela clorpropamida, o paciente poderá apresentar hipoglicemia durante vários dias.

Neste estudo, aprendemos as principais manifestações e as respectivas manifestações de enfermagem a serem efetuadas na ocorrência das emergências metabólicas que mais se destacam, que são a Cetoacidose diabética (DKA), a Diabete não cetótica hiperosmolar, a acidose lática e a hipoglicemia.