Sinais, sintomas e arritmias
Tendo em vista o que se discutiu, nos parágrafos anteriores, acerca do que é e como ocorrem as arritmias, a próxima etapa será entender a que SINAIS E SINTOMAS o enfermeiro de urgência e emergência precisará estar atento durante sua avaliação.
Segundo Zimerman e Pimentel (2004), do ponto de vista clínico, consideram-se fatores indicativos de instabilidade:
- Fraqueza;
- Fadiga;
- Palpitações;
- Sudorese fria;
- Mal-estar geral;
- Pulso fino;
- Hipotensão arterial com convergência de níveis pressóricos;
- Ritmo de galope na 3ª bulha;
- Taquicardia;
- Bradicardia;
- Alteração do nível de consciência por baixo débito;
- Sinais de hipoperfusão periférica;
- Síncope;
- Ingurgitamento de jugular;
- Dispneia em casos de ICC descompensada.
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Palavra do Profisional |
Sempre que perceber durante sua avaliação clínica, ou na observação do ECG, que a frequência cardíaca apresenta-se abaixo de 50 ou acima de 140 batimentos por minuto, relacione estes achados com o quadro clínico geral do paciente e, PREPARE-SE, você pode estar diante de uma situação de emergência. As alterações de ritmo e frequência contribuem para a diminuição do débito cardíaco do paciente e podem resultar em Parada Cardiopulmonar.
Pires e Starling (2006) apontam que os principais mecanismos das arritmias comumente encontradas em emergências são:
- Taquicardia;
- Bradicardia;
- Contrações prematuras: extrassístoles;
- Flutter;
- Fibrilação.
Podendo ser assim classificados:
- Bradiarritmias: Bradicardia Sinusal e Bloqueios Atrioventriculares (BAVs);
- Taquiarritmias: Extra-sístole; Taquicardia Supra venticular; Taquicardia Ventricular; Flutter atrial; Fibrilação Atrial e ventricular.
O exame físico deve auxiliar na avaliação da repercussão hemodinâmica que determinada arritmia pode trazer ao paciente, mas é, sobretudo, importante que o enfermeiro saiba em que aspectos o ECG merece a sua atenção. Observe a sequência abaixo, pois ela apresenta alguns passos a serem seguidos durante a interpretação do eletro.
Passos para a interpretação do ECG:
- Identificar se todas as derivações estão visíveis;
- Verificar a presença da onda P;
- Calcular a frequência cardíaca;
- Avaliar o Complexo QRS (atentar para as formas bizarras e alargadas);
- Observar o Segmento ST (supra ou infradesnivelamento);
- Verificar a Onda T (apiculada, invertida).
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Saiba Mais |
Para aprofundar seus conhecimentos acerca do tema, pesquise nos sites indicados.
- Cálculo da Frequência Cardíaca, disponível aqui;
- Blog da Eletrocardiografia, disponível aqui;
- Cálculo da Frequência Cardíaca no ECG, disponível aqui.
Apresentaremos, na sequência, imagens que demonstram as arritmias encontradas frequentemente nos serviços de urgência e emergência.
Bradicardia Sinusal
Neste tipo de arritmias, encontramos ritmo regular, mas há diminuição da Frequência Cardíaca. Fisiologicamente, pode incidir em atletas e há relatos de pessoas que a desenvolvem durante o sono.
O uso prolongado de alguns fármacos, como morfina, digitálicos e beta bloqueadores, compreende quadro de intoxicações que evoluem com este tipo de arritmia. Contudo, merecem atenção do enfermeiro as situações patológicas, sendo elas: estimulação vagal pelo vômito, hipotireoidismo, hipotermia e principalmente a bradicardia na fase aguda do IAM inferior (VIANA, 2011). Perceba, no traçado, abaixo que todas as ondas estão presentes, o ritmo está regular, porém, a frequência está inferior a 60 batimentos por minuto.
Figura: ECG apresentando uma bradicardia sinusal
Fonte: FERRER, 2012
Bloqueios Átrioventriculares (BAVS)
Segundo aponta a autora Viana (2011), nessas arritmias há um retardo na passagem do estímulo que sai do nó sino atrial para o nó átrio ventricular. O BAV resulta da interrrupção completa ou parcial da condução dos impulsos elétricos dos átrios aos ventrículos. Estão divididos em BAV de 1º, 2° e 3° grau ou BAV total. Vamos aprender cada um deles?
a) Bloqueio Atrioventricular de Primeiro Grau
Quando este ocorre isoladamente, as autoras acima afirmam que o mesmo não produz alterações hemodinâmicas. Mas é necessário estar atento, pois pode configurar-se como um indicativo de cardiopatia isquêmica, cardite reumática aguda, intoxicação digitálica ou distúrbio eletrolítico. Observa-se, na imagem abaixo, que o intervalo PR é maior que 0,20 segundos, e condução atrioventricular apresenta-se de 1:1.
Figura: ECG apresentando BAV 1°grau
Fonte: FERRER, 2012
b) Bloqueio Atrioventricular de Segundo Grau
Neste tipo de arritmia, todos os impulsos são conduzidos, podendo ser divididos em:
- BAV de segundo grau - tipo Mobitz I (ou Wenckebach): tem como característica um prolongamento progressivo do intervelo PR, até que uma onda P não preceda o QRS. Dispensa tratamento específico quando a frequência sustenta o débito cardíaco e apresenta QRS estreitos. Se o paciente apresentar sintomas conforme abordado anteriormente, necessitará de terapêutica farmacológica. A seguir, você observa na figura abaixo o traçado do ECG juntamente com seu descobridor.
Figura: O BAV de 2º grau, tipo Mobitz I (ou Wenckebach)
Fonte: FERRER, 2012
- BAV de segundo grau - tipo Mobitz II: é uma arritmia mais rara, porém mais perigosa, pelo risco de evoluir para um BAV total. A progressão do impulso elétrico progride normalmente pelo nó sinual e atriventricular, sendo bloqueado de forma intermitente nos ramos do feixe de His, gerando duas ou mais ondas P para cada QRS, que neste caso são mais alargados (JENKINS, 2011).
Figura: O BAV de 2º grau, tipo Mobitz II
Fonte: FERRER, 2012
- BAV de terceiro grau ou total: é uma arritmia potencialmente fatal (JENKINS, 2011). Observa-se, neste tipo de arritmia, que os intervalos PR que precedem a onda P não conduzida estão presentes em todas as derivações. Segundo Viana (2011) as contrações atriais e ventriculares acontecem totalmente dissociadas, de forma que a onda P não tem qualquer relação com o complexo QRS. Nessa situação há indicação do uso de marca – passo, pois há instabilidade hemodinâmica.
Figura: O BAV de 3º grau ou total
Fonte: FERRER, 2012
Na página a seguir, apresentaremos as arritmias que se enquadram na classificação das taquiarritmias. Vamos adiante?