Módulo 7: Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências Cárdio e Neurovasculares
Unidade 1: Cuidado de Enfermagem nas Emergências Cardiovasculares

Conceitos Iniciais
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
Arritmias Cardíacas
Parada Cardiorrespiratória (PCR)
Atendimento a PCR sistematizado - Suporte básico de vida
Atendimento a PCR sistematizado - Suporte Avançado de Vida (SAV ou ACLS)

Taquiarritmias

Taquiarritmias

  1. Extra-sístole Ventricular (ESV)

    Ocorre em pacientes com ou sem doença cardíaca estrutural. É um batimento prematuro, em que a despolarização em qualquer dos ventrículos ocorre antes do próximo batimento sinusal. Como o batimento é de origem ventricular, não percorrerá o sistema normal de condução.

    Figura: Imagem demonstrando a presença de ESV

    Fonte: Nascimento, 2005

    Segundo Zimerman e Pimentel (2004), caracterizam-se por complexos QRS alargados, não precedidos por onda P, em sua maioria são seguidos por uma pausa compensatória completa. Podem ser assintomáticas ou provocar sensações de palpitações e desconforto torácico.

  2. Taquicardia Atrial

    Resulta da automaticidade aumentada do tecido atrial, ocasionando uma série de batimentos rápidos originados de um foco irritável. Apresenta frequência acima de 100 bpm, ritmo regular, presença de onda P e QRS normal. Pode ser observada em casos de distúrbios eletrolíticos, IAM, infecções e uso de drogas estimulantes.

    Figura: Imagem demonstrando a presença de Taquicardia Atrial

    Fonte: Nascimento, 2005

    O algoritmo utilizado para tratar arritmias como: Taquicardia Atrial, Taquicardia Paroxística Supraventricular ou a Síndrome de Wolf-Parkinson-White é a administração de 6 mg de Adenosina IV. Esta medicação tem um efeito muito rápido, por se tratar de um fármaco com meia vida plasmática muito curta (um a dois segundos) e por interferir diretamente na bomba de sódio e potássio. Neste sentido, sua administração requer especial atenção do enfermeiro nos seguintes aspectos (SCHETTINO et al., 2006):
    • Obter um acesso de grosso calibre e seguro, preferencialmente em fossa cubita;
    • Manter monitorização continua de ECG e oximetria;
    • Conectar solução salina de 10 ml no extensor do equipo de soro e deixar fechado;
    • Administrar em Bolus e rapidamente 6 mg de Adenosina, seguido da solução salina conectada ao extensor que irá “conduzir” a medicação a circulação central;
    • Informar o paciente que sentirá um ‘aperto” momentâneo em seu peito;
    • Verificar a reversão da taquicardia no monitor;
    • Controlar a pressão arterial e o pulso, antes e após a administração da adenosina;
    • Caso a taquicardia não seja revertida, o médico pode solicitar que se repita o procedimento, chegando na dose máxima da droga, 12 mg. Ou ainda, iniciar outra droga como Amiodarona ou Verapamil.


  3. Flutter Atrial

    Ocorre no átrio e cria impulsos em uma frequência atrial entre 250 e 400 vezes por minuto. Como a frequência atrial é mais rápida que aquela que o nódulo AV pode conduzir, nem todos os impulsos atriais são conduzidos para dentro do ventrículo, causando um bloqueio terapêutico no nódulo AV. Se todos os impulsos atriais passassem para o ventrículo, a frequência ventricular também seria de 250 e 400, o que resultaria em fibrilação ventricular.

    Figura: Imagem demonstrando a presença de flutter atrial em ECG

    Fonte: LEARNEKGS, 2011

    No ECG observa-se a presença de ondas F em forma de dente de serra que caracterizam o traçado. Chama atenção nesta arritmia que, mesmo em alta frequência, ela mantém um ritmo regular, o que a diferencia da fibrilação atrial.

  4. Fibrilacão Atrial (FA)

    Vale lembrar que esta arritmia, pelas grandes complicações cardiovasculares que traz aos pacientes, mereceria um capítulo a parte. Chama atenção para este fato Knobel (2002), quando aponta que, na FA, ocorre uma desorganização elétrica nos átrios de tal forma que as despolarizações atriais passam a ocorrer de maneira totalmente desordenada e irregular, levando as contrações atriais ineficazes.

    Figura: Múltiplos focos dentro do átrio disparam impulsos desordenados

    Fonte: ENDOCARDIO CLÍNICA MÉDICA, Arritmias. 2011

    Palavra do Profisional
    Esteja sempre atento nestas modalidades de Flutter e Fibrilação Atrial se o paciente desenvolve resposta ventricular rápida, pois ele pode rapidamente deteriorar seu débito cardíaco e consequentemente o quadro hemodinâmico.

    Essa ineficácia na contração atrial leva a estase sanguínea nos átrios, predispondo à formação de trombos que, livres na corrente sanguínea, poderão ocasionar acidente vascular isquêmico, infarto agudo do miocárdio, tromboembolismo pulmonar e trombose venosa profunda. A FA pode ser sintomática ou assintomática, dependendo do quadro do paciente, da resposta ventricular e da duração da arritmia. Sintomas como palpitações, dor torácica, dispneia ou piora do quadro de ICC como fadiga, tontura e síncope, são frequentemente relatados.

    Figura: Imagem demonstrando a presença de FA em ECG Fonte: STROKESURVIVORS ASSOCIATION OF OTTAWA. 2012

    Percebe-se no ECG acima, que o ritmo é totalmente irregular, as ondas P estão ausentes, não há Intervalo PR, mas o QRS está normal, pois a condução abaixo do AV não está afetada (KNOBEL, 2002).

    1. Taquicardia Ventricular (TV)

      É definida como três ou mais Complexos Ventriculares Prematuros em série. É reconhecida por amplos e complexos QRS bizarros ocorrendo em um ritmo regular e uma frequência superior a 100 bpm. As ondas P geralmente não são vistas, mas, quando vistas, não estão relacionadas com o QRS. A TV pode apresentar-se como um ritmo curto, não contínuo, ou ser mais longa e contínua. Em geral, está associada à doença da artéria coronária e é uma precursora imediata da fibrilação ventricular (KNOBEL, 2002).

      Segundo Knobel (2002), a identificação e o tratamento correto dos pacientes com TV, constituem-se um desafio para a prática clinica, já que até o momento não existe um teste padrão-ouro com sensibilidade e especificidade suficientes para uma adequada estratificação de risco. Dez anos passaram-se, desde este apontamento e, mesmo assim, os estudos atuais ainda alertam-nos sobre os perigos dessa arritmia, principalmente por ela estar relacionada a um número alto de mortalidade nos serviços de urgência e emergência.

      Figura: Imagem demonstrando a presença de Taquicardia Ventricular em ECG

      Fonte: ANGINA.COM, 2012

    2. Fibrilação Ventricular

      É definida como uma despolarização rápida, irregular e ineficaz do ventrículo. Não há complexo QRS de aparência normal. A frequência é elevada e desorganizada. O ritmo é irregular e as ondas variam de tamanho e forma. Quando a FV é grosseira sugere-se que o aparecimento é recente, e ao contrário se esta apresenta fina ao traçado, resulta de uma evolução tardia da parada cardíaca. A FV é um ritmo caótico considerado terminal, pois o miocárdio não produz contração efetiva, interrompendo o débito cardíaco que irá evoluir para parada cardiorrespiratória, se não for revertido precocemente. As condutas em RCP serão abordadas no próximo capítulo deste módulo.

      Figura: Imagem demonstrando a presença de Fibrilação Ventricular em ECG

      Fonte: AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2012