No atendimento à vítima de trauma, o enfermeiro determina, na coleta de dados emergencial, sinais sugestivos do acometimento da alteração circulatória, posto que a ressuscitação vigorosa pode corrigir a hipóxia tecidual, revertendo o estado de choque. Clinicamente manifesta-se por alterações do nível de consciência, oligúria e acidose lática, devido à presença de hipoperfusão tecidual (CYRILLO, 2005, 2009; ATLS, 2007).
O enfermeiro deverá realizar a reposição vigorosa de volume nestas circunstâncias e ter a atenção direcionada pelos achados clínicos capazes de sugerir o volume de sangue perdido, como a frequência cardíaca (FC), a pressão arterial, a frequência respiratória (FR), o débito urinário, o estado mental, dentre outros (CYRILLO, 2009). Reavaliações periódicas são fundamentais, já que a situação clínica da vítima é dinâmica, podendo mudar em curto período de tempo e, conjuntamente, fazendo mudar suas necessidades imediatas em termos de qual o produto a ser reposto e qual o volume necessário (CYRILLO, 2009; ATLS, 2007).
O colapso circulatório, uma vez totalmente estabelecido, é facilmente reconhecido, sendo importante justamente o seu reconhecimento precoce, não devendo confiar, exclusivamente, na pressão arterial como indicador do choque. A queda da pressão arterial ocorre após o esgotamento dos mecanismos fisiológicos compensatórios, quando já houve perda de 30 a 40% da volemia (MORI, 2001).
Os sinais mais precoces de choque são taquicardia e vasoconstricção cutânea, cuja manifestação clínica é a palidez e a frialdade de extremidades, além da lentificação do enchimento capilar após compressão digital (>12segundos).
Em geral, o organismo desvia a circulação inicialmente das partes mais distais do corpo e posteriormente restaura a sua circulação. Avaliar o leito ungueal do hálux ou do polegar dá a indicação mais precoce possível de que está ocorrendo hipoperfusão. Além disso, dá ao enfermeiro uma forte indicação de quando a reanimação está completa. Um dos melhores sinais de uma reanimação completa é um hálux quente, seco e róseo, assim todo paciente traumatizado com pele fria e taquicardia, até prova em contrário, está em choque (PHTLS, 2007; ATLS, 2007).
Partindo desse conhecimento, consideramos importante avaliar as condições de pele como palidez cutânea, pele fria, cianose de extremidades, alteração em mucosa, presença de hematomas, sudorese e enchimento capilar (CYRILLO, 2005).
O próximo aspecto importante para a avaliação da perfusão é o pulso. A avaliação inicial determina sua presença na artéria que está sendo examinada. Em geral, o pulso radial não será palpável se a pressão arterial sistólica estiver abaixo de 80 mmHg, o pulso femoral não será detectável quando a pressão arterial for menor que 70 mmHg e o pulso carotídeo não será palpável com pressão abaixo de 60 mmHg (CYRILLO, 2005).
Se o pulso for palpável, observa-se se é cheio ou fino, rítmico ou arrítmico. Estas condições podem ser avaliadas rapidamente e os dados analisados e sintetizados para estabelecer a hipótese diagnóstica (JARVIS, 2010).
No choque hemorrágico, a pressão de pulso está estreitada, pois com a perda volêmica há uma redução da pressão arterial sistólica e uma elevação da pressão arterial diastólica, em virtude da ativação do sistema nervoso simpático e liberação de catecolaminas pela medula suprarrenal (GUYTON; HALL, 2000).
Pressão de pulso: diferença entre a pressão arterial sistólica e diastólica.
![]() |
Palavra do Profissional |
Uma vez identificados os sinais e sintomas descritos anteriormente, o enfermeiro deverá pensar que existem os seguintes diagnósticos de enfermagem (aqui sugeridos os da NANDA, 2010): volume de líquidos deficiente - risco de volume de líquidos deficiente.
Quadro: Diagnósticos de enfermagem referentes à circulação.
Fonte: Cyrillo (2009) e Sousa et al. (2009).
Para os diagnósticos de enfermagem estabelecidos, sugerimos as seguintes intervenções e atividades descritas. Conheça na próxima página as intervenções de enfermagem referentes à circulação.