Módulo 8: Linha de Cuidado Nas Urgências/Emergências Traumatológicas
Unidade 3: A avaliação Inicial (primária) à vítima de trauma

Introdução
Ventilação e Respiração
Contusão Pulmonar
Circulação com controle da Hemorragia
Avaliação Neurológica
Exposição com Controle da Hipotermia

Cuidados imediatos e precisos

No atendimento à vítima de trauma, o enfermeiro determina, na coleta de dados emergencial, sinais sugestivos do acometimento da alteração circulatória, posto que a ressuscitação vigorosa pode corrigir a hipóxia tecidual, revertendo o estado de choque. Clinicamente manifesta-se por alterações do nível de consciência, oligúria e acidose lática, devido à presença de hipoperfusão tecidual (CYRILLO, 2005, 2009; ATLS, 2007).

O enfermeiro deverá realizar a reposição vigorosa de volume nestas circunstâncias e ter a atenção direcionada pelos achados clínicos capazes de sugerir o volume de sangue perdido, como a frequência cardíaca (FC), a pressão arterial, a frequência respiratória (FR), o débito urinário, o estado mental, dentre outros (CYRILLO, 2009). Reavaliações periódicas são fundamentais, já que a situação clínica da vítima é dinâmica, podendo mudar em curto período de tempo e, conjuntamente, fazendo mudar suas necessidades imediatas em termos de qual o produto a ser reposto e qual o volume necessário (CYRILLO, 2009; ATLS, 2007).

O colapso circulatório, uma vez totalmente estabelecido, é facilmente reconhecido, sendo importante justamente o seu reconhecimento precoce, não devendo confiar, exclusivamente, na pressão arterial como indicador do choque. A queda da pressão arterial ocorre após o esgotamento dos mecanismos fisiológicos compensatórios, quando já houve perda de 30 a 40% da volemia (MORI, 2001).

Os sinais mais precoces de choque são taquicardia e vasoconstricção cutânea, cuja manifestação clínica é a palidez e a frialdade de extremidades, além da lentificação do enchimento capilar após compressão digital (>12segundos).

Em geral, o organismo desvia a circulação inicialmente das partes mais distais do corpo e posteriormente restaura a sua circulação. Avaliar o leito ungueal do hálux ou do polegar dá a indicação mais precoce possível de que está ocorrendo hipoperfusão. Além disso, dá ao enfermeiro uma forte indicação de quando a reanimação está completa. Um dos melhores sinais de uma reanimação completa é um hálux quente, seco e róseo, assim todo paciente traumatizado com pele fria e taquicardia, até prova em contrário, está em choque (PHTLS, 2007; ATLS, 2007).

Partindo desse conhecimento, consideramos importante avaliar as condições de pele como palidez cutânea, pele fria, cianose de extremidades, alteração em mucosa, presença de hematomas, sudorese e enchimento capilar (CYRILLO, 2005).

O próximo aspecto importante para a avaliação da perfusão é o pulso. A avaliação inicial determina sua presença na artéria que está sendo examinada. Em geral, o pulso radial não será palpável se a pressão arterial sistólica estiver abaixo de 80 mmHg, o pulso femoral não será detectável quando a pressão arterial for menor que 70 mmHg e o pulso carotídeo não será palpável com pressão abaixo de 60 mmHg (CYRILLO, 2005).

Se o pulso for palpável, observa-se se é cheio ou fino, rítmico ou arrítmico. Estas condições podem ser avaliadas rapidamente e os dados analisados e sintetizados para estabelecer a hipótese diagnóstica (JARVIS, 2010).

No choque hemorrágico, a pressão de pulso está estreitada, pois com a perda volêmica há uma redução da pressão arterial sistólica e uma elevação da pressão arterial diastólica, em virtude da ativação do sistema nervoso simpático e liberação de catecolaminas pela medula suprarrenal (GUYTON; HALL, 2000).

Pressão de pulso: diferença entre a pressão arterial sistólica e diastólica.

Palavra do Profissional
Na avaliação gástrica, é importante que o enfermeiro identifique rapidamente qual foi o horário da última refeição da vítima, caso necessite de um tratamento cirúrgico. Essa informação deverá ser transmitida aos demais profissionais, para que haja maior cautela quanto ao procedimento anestésico ao qual a vítima será submetida.

Uma vez identificados os sinais e sintomas descritos anteriormente, o enfermeiro deverá pensar que existem os seguintes diagnósticos de enfermagem (aqui sugeridos os da NANDA, 2010): volume de líquidos deficiente - risco de volume de líquidos deficiente.

Quadro: Diagnósticos de enfermagem referentes à circulação. Fonte: Cyrillo (2009) e Sousa et al. (2009).

Para os diagnósticos de enfermagem estabelecidos, sugerimos as seguintes intervenções e atividades descritas. Conheça na próxima página as intervenções de enfermagem referentes à circulação.