Para Figueiredo (2004), uma imagem mental também pode ser construída a partir da pergunta sobre o que o paciente pode fazer para sair da condição de sofrimento, de modo que o próprio paciente pense sobre o que ele faz ali, que pode ser um questionamento utilizado mais ao final do acolhimento.
A partir daí, escuta-se o relato para responder a essa primeira interpelação. Neste sentido, vários aspectos apoiam a construção do projeto terapêutico singular a partir de um diagnóstico situacional, evitando com isso a padronização psiquiátrica em um primeiro momento.
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Palavra do Profissional |
c) Reorientação do serviço
A dimensão Reorientação do Serviço significa que o acolhimento é um princípio que reorienta e organiza o processo de trabalho em equipe. A organização do acolhimento no serviço visa a garantir acesso, resolutividade e ações humanizadas por meio de uma gestão participativa, democrática e interativa entre os envolvidos nos serviços de saúde (FRANCO; BUENO; MERHY, 1999). Destacamos o controle social e a educação em serviço (formação, capacitação) como desafios para os profissionais e gestores.
Aos componentes e aos pontos da Rede de Atenção Psicossocial destaca-se que uma função do acolhimento é distinguir o tipo de queixa e a demanda para avaliar a adequação dos serviços em relação ao usuário. Para tanto, é necessário avaliar vários fatores:
Esse testemunho demonstra que o acolhimento requer disponibilidade para lidar com o que é aparentemente incompreensível, buscando desvelar o sentido e suportar o sofrimento e a dor daquele que nos procura ou é procurado, sem deixar-se paralisar pelas dificuldades de resolução dos problemas e dificuldades vigentes na situação, mas também sem ceder à pressa para resolvê-los, ignorando as perspectivas que o próprio usuário pode ser capaz de articular.
Concluindo nosso estudo, constatamos que o acolhimento na atenção psicossocial implica, então, em mergulhar em um mundo simbólico envolvido pelo desafio de que a compreensão do outro passa por “gente que se importa com gente”.