Del Acqua e Mezzina (1991) alertam também para o fato de que qualquer definição de crise deve levar em conta a (1) organização dos dispositivos de atendimento existentes em determinado lugar e (2) o momento histórico particular. É com base nessas duas dimensões que os problemas emocionais, psicológicos, relacionais e sociais, enfim, os acontecimentos da vida, podem ser considerados uma crise.
As situações de urgência caracterizam-se por uma invalidação dos saberes e dos esquemas de solução pré-estabelecidos, tornando-se necessário “inventar” os caminhos. Essas são situações em que ninguém sabe o que fazer exatamente. Por isso, uma urgência será considerada como tal, dependendo das concepções das pessoas envolvidas nela e dos dispositivos para seu acolhimento.
Saraceno et al. (1997) procura relacionar os diferentes elementos que vão configurar as situações de urgência em saúde mental e que precisam ser considerados na organização do atendimento e do cuidado continuado ao sujeito em crise.
Esse autor considera que uma situação de urgência é marcada pelo somatório de muitos problemas e também de muitas pessoas que estão envolvidas. Em geral, tais situações revelam as dificuldades entre elas. Uma conduta necessária é a mediação de tais conflitos, via de regra, emocionalmente intensos, para produzir um acordo mínimo. Para tanto, é preciso definir claramente:
No quadro apresentado a seguir (SARACENO et al. 1997), apresentamos algumas atitudes básicas que o profissional pode assumir diante de uma situação de urgência. Nunca é demais relembrar, no entanto, que não se trata de indicações precisas e inflexíveis, já que o imprevisível faz parte das situações de urgência. Entretanto, fornecem algumas sugestões para o cuidado adequado e devem ser eleitas a partir da consideração dos elementos apontados anteriormente.
Quadro: Atitudes básicas dos profissionais diante de situações de urgência.
Fonte: SARACENO et al. (1997, p. 59-63).
Por fim, neste estudo procuramos apontar os principais elementos constituintes da crise que necessitam ser observados para que a intervenção não seja balizada unicamente pela pressa e pela angústia dos envolvidos. Pudemos constatar também que a atenção e o cuidado nas situações de crise exigem dos profissionais encarregados dela um montante considerável de empenho, sobretudo para que a experiência da crise possa tornar-se produtiva.