A dispneia também possui algumas denominações especiais (MARTINEZ, PADUA, TERRA FILHO, 2004):
• Platipneia é o nome dado à sensação de dispneia, que surge ou se agrava com a adoção da posição ortostática, particularmente em pé. Classicamente, esse fenômeno ocorre em pacientes com quadros de pericardite. Também pode estar presente na hipovolemia.
• Trepopneia é a sensação de dispneia, que surge ou piora em uma posição lateral, e desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto. É uma queixa não específica, que pode surgir em qualquer doença, comprometendo um pulmão mais intensamente do que o outro. Pode estar presente no derrame pleural unilateral ou paralisia diafragmática unilateral.
As alterações no ritmo podem também indicar distúrbios subjacentes, os quais veremos na explicação a seguir.
A frequência, o ritmo e a qualidade dos movimentos ventilatórios são pontos-chave da função respiratória, podendo também ser indicadores de disfunção neurológica.
Com relação à qualidade da respiração, é importante observar que, normalmente, o movimento torácico é simétrico. Falência da parede torácica em elevar adequadamente pode indicar fibrose, colapso de lobos superiores ou obstrução brônquica. Dor torácica súbita e aguda, como encontrada no pneumotórax, pode inibir o paciente a realizar respirações profundas, resultando em hipoventilação alveolar.
Quanto ao grau de esforço ventilatório, o uso de musculatura acessória (tais como dos músculos esternocleidomastoideo, escaleno e trapézio) pode indicar dificuldade ventilatória. O paciente também pode apresentar ortopneia. Pacientes com dificuldade expiratória podem ter anormalidades de retração pulmonar e/ou resistência de vias aéreas, em condições como enfisema, edema pulmonar ou asma. Aumento do esforço inspiratório pode indicar obstrução de vias aéreas superiores por corpo estranho ou anafilaxia, por exemplo. É importante observar a influência da severidade da dificuldade respiratória em atividades comuns, como caminhar ou falar. Outros sintomas físicos incluem a respiração com lábios fechados na expiração, em pacientes que tentam forçar a saída do ar de alvéolos hiperdistendidos. Batimentos de asa de nariz pode indicar dificuldade respiratória em adultos, embora seja mais comum em crianças.
Se a expansão torácica é menor do que o normal (3 a 6 cm), observe se há evidência de que o paciente está usando músculos acessórios quando respira, incluindo elevação dos ombros, retração dos músculos intercostais e uso dos músculos escalenos e esternocleidomastóideos.
A aparência clínica da cianose deve sempre ser considerada cuidadosamente, já que sua ausência ou presença geralmente é determinada de modo subjetivo. Considere que as impressões podem ser influenciadas por fatores como elasticidade e cor da pele, iluminação ambiente e estado do leito capilar, que podem, por vezes, sugerir uma aparência cianótica. Se há sugestão de cianose, correlacione-a a outras alterações clínicas.
A cianose periférica, que geralmente indica má circulação, é observada na pele e leito ungueal e melhor identificada ao redor dos lábios, lóbulo da orelha e ponta dos dedos.
Já a cianose central, que indica problemas circulatórios ou ventilatórios, é indicada por uma cor azulada na língua e lábios. Na ausência de cianose central, a cianose periférica indica problemas circulatórios em vez de distúrbios respiratórios.
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Outro importante parâmetro a ser verificado na inspeção é a presença de deformidades.
O boqueteamento digital ocorre como resultado de uma condição crônica formada durante um longo período de tempo. Isso pode ser indicativo de hipoxemia originada por doença pulmonar crônica ou cardiovascular.
Deformidades do tórax anterior podem afetar a qualidade da respiração. O diâmetro do tórax anterior e posterior deve ser comparado com o diâmetro de um lado a outro. Se o diâmetro anteroposterior é aproximadamente o dobro da medida do diâmetro de um lado a outro, isso indica o formato de “tórax em barril” causado pelo enfisema. Deformidades espinhais, tais como cifose, também influenciam a expansão pulmonar.
Na próxima página concluiremos nosso estudo sobre a inspeção e daremos continuidade às demais técnicas propedêuticas, a palpação, a percussão e a ausculta.